Maria Edite Vendas | 18 de agosto de 2025 - 14h13

Estudo revela que o barulho do trânsito pode aumentar risco de depressão e ansiedade em jovens

Pesquisa da Universidade de Oulu mostra que crianças e adolescentes expostos a mais de 53 decibéis de ruído têm risco maior para transtornos mentais

SAÚDE
Trânsito pelas ruas da capital. Na foto Marginal do Rio Tietê, na altura da ponte da Vila Maria. - (Foto: Tiago Queiroz)

Um estudo realizado pela Universidade de Oulu, na Finlândia, apontou que crianças, adolescentes e jovens adultos expostos a altos níveis de ruído do trânsito têm risco aumentado para desenvolver depressão e ansiedade. A pesquisa, publicada na revista Environmental Research, analisou dados de 114.353 pessoas nascidas entre 1987 e 1998, que viviam na região metropolitana de Helsinque, em 2007.

O estudo acompanhou esses indivíduos de 8 a 21 anos, e o objetivo foi avaliar a relação entre exposição ao ruído e o desenvolvimento de transtornos mentais. Os pesquisadores usaram dados de saúde e de ruído do tráfego rodoviário e ferroviário nos endereços residenciais das pessoas, cruzando essas informações com diagnósticos de depressão e ansiedade.

O estudo revela que niveis de ruído superiores a 53 decibéis (dB) estão associados a um aumento significativo no risco de desenvolvimento de ansiedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 53 dB é o limite recomendado de exposição ao ruído. Para aqueles expostos a níveis de ruído acima desse limite, o ruído se torna um estressor psicológico significativo.

A análise mostrou que o risco de ansiedade é menor quando o ruído está entre 45 e 50 dB. No entanto, esse risco aumenta consideravelmente quando o nível de ruído alcança 53 a 55 dB. A associação com a ansiedade foi mais forte em homens e em pessoas cujos pais não tinham transtornos mentais.

O ruído ambiental, proveniente de várias fontes, como tráfego rodoviário, ferroviário, aeroportuário e construção, é considerado a segunda maior preocupação em relação à saúde ambiental na Europa. Os danos à saúde humana incluem não apenas dificuldades auditivas, mas também distúrbios do sono e efeitos emocionais adicionais, como o aumento do risco para doenças cardiovasculares e neurológicas.

Recentemente, cresceu a evidência sobre a associação entre ruído e transtornos mentais, embora a qualidade das pesquisas ainda seja considerada baixa. De acordo com Yiyan He, principal autor do estudo, as descobertas visam alertar para a necessidade de ações urgentes para reduzir a exposição ao ruído do trânsito.

He sugere que os planejadores urbanos e formuladores de políticas públicas considerem medidas como a criação de espaços verdes próximos às áreas residenciais. Além disso, ele propõe que sejam avaliadas alternativas no transporte, como pneus mais silenciosos e a redução dos limites de velocidade nas áreas urbanas para minimizar o impacto do tráfego sobre a saúde mental dos cidadãos.