AP* | 18 de agosto de 2025 - 14h25

Quiroga e Paz disputam segundo turno na Bolívia em meio à pior crise econômica em 40 anos

Candidatos divergem sobre soluções para a crise; Quiroga aposta em medidas neoliberais, e Paz na renovação sem FMI

POLÍTICA INTERNACIONAL
Rodrigo Paz Pereira (à esquerda) e Jorge Quiroga (à direita), disputarão o segundo turno presidencial em 19 de outubro. - (Foto: Luis Gandarillas/Gabriel Márquez/EFE)

O ex-presidente Jorge "Tuto" Quiroga, candidato pela oposição, conquistou um lugar no segundo turno das eleições presidenciais da Bolívia e disputará o cargo com Rodrigo Paz, senador de centro. O pleito ocorre em um momento de grave crise econômica no país, a pior em quatro décadas.

Quiroga, que governou a Bolívia entre 2001 e 2002, baseia sua campanha em promessas de "estabilidade, crescimento e trabalho", contrapondo-se ao legado deixado por governos de esquerda ao longo dos últimos 20 anos, que, segundo ele, resultaram em inflação, filas por combustíveis, falta de dólares e desemprego.

Propostas de Quiroga: neoliberalismo e corte de gastos

Aos 65 anos, Quiroga adota um discurso neoliberal e promete medidas duras, como eliminar subsídios aos combustíveis, buscar apoio do FMI, cortar gastos públicos e fechar estatais deficitárias. Em entrevista, afirmou: "Nunca tivemos uma crise tão dura em 40 anos". A inflação no primeiro semestre de 2025 alcançou 15,5%, o maior índice em quase duas décadas. A escassez de gasolina gerou longas filas nos postos e tornou-se um símbolo da crise.

Figura conhecida pela postura crítica ao ex-presidente Evo Morales (2006-2019) e ao atual presidente Luis Arce, Quiroga os acusa de ter levado o país à "ruína" por disputas internas. Além disso, tem endurecido seu discurso contra aliados regionais da esquerda, como Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Paz: um nome de renovação e combate à corrupção

Rodrigo Paz, de 57 anos, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, surpreendeu ao conquistar uma vaga no segundo turno. A campanha de Paz ganhou força ao canalizar o voto de descontentamento com o governo de Arce e a esquerda. Ele defende que a Bolívia não precisa de ajuda do FMI e promete combater a corrupção e fortalecer o setor privado.

Paz foi um dos nomes mais inesperados do pleito, após conquistar a vaga em um contexto de baixo apoio das pesquisas. O candidato se destacou por sua estratégia modesta, caminhando por mercados e feiras populares. Além disso, seu vice, Edman Lara, ex-policial afastado após denúncias de corrupção, ganhou notoriedade nas redes sociais.

Renovação ou continuidade? O perfil de Paz

Paz, com experiência política e formação acadêmica, representa um voto de renovação. Com experiência como deputado, prefeito e governador de Tarija, ele iniciou sua carreira política em 2002 e atualmente é senador pela aliança de centro-direita Comunidade Cidadã. Seu partido, o Partido Democrata Cristão (PDC), é alinhado à social-democracia europeia.

A analista política Ximena Costa vê em Paz um candidato que "não se dedicou a brigar com adversários, mas sim a apresentar propostas".