EUA cancelam vistos da mulher e da filha do ministro da Saúde Alexandre Padilha
Governo Trump amplia retaliações contra o programa Mais Médicos e atinge familiares de ex-gestores da política pública brasileira.
CRISE DIPLOMATICAO governo dos Estados Unidos cancelou os vistos da mulher e da filha de 10 anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A informação foi confirmada nesta sexta-feira, 15, pelo consulado-geral dos EUA em São Paulo à família do ministro. Segundo o blog da jornalista Julia Duailibi, o motivo oficial alegado nos documentos seria que, após a emissão dos vistos, “surgiram informações indicando” que as duas não seriam mais elegíveis para manter o documento.
Alexandre Padilha, que foi ministro da Saúde também no governo Dilma Rousseff, afirmou ao G1 que o seu visto pessoal já estava vencido desde 2024 e, por isso, não chegou a ser alvo da mesma medida. Os cancelamentos ocorrem dias após os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, revogarem os vistos do atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, Mozart Júlio Tabosa Sales, e do ex-funcionário do governo brasileiro Alberto Kleiman.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou que a decisão se deve ao envolvimento desses nomes no programa Mais Médicos, política pública criada no governo Dilma para suprir a falta de profissionais em regiões remotas e periféricas do Brasil. À época da criação do programa, Alexandre Padilha era o titular da pasta da Saúde.
"Ataque injustificável", diz Padilha
Em sua conta no X (antigo Twitter), Alexandre Padilha classificou a decisão do governo norte-americano como um ataque injustificável à política pública brasileira. “O Mais Médicos, assim como o Pix, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”, escreveu na quarta-feira, 13.
O ministro também criticou o que chamou de perseguição à ciência e às pessoas que foram fundamentais para a estruturação do programa. “Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman”, acrescentou.
Escalada de tensão
O cancelamento dos vistos de familiares de um ministro de Estado representa uma escalada inédita nas tensões diplomáticas entre o governo dos Estados Unidos e autoridades brasileiras envolvidas com o Mais Médicos. A ação tem sido interpretada por aliados do governo Lula como uma retaliação política do governo de Donald Trump, que busca deslegitimar políticas progressistas promovidas por gestões anteriores no Brasil.
Até o momento, nem o Itamaraty nem a Embaixada dos Estados Unidos se manifestaram oficialmente sobre o caso.