'A carne sul-mato-grossense tem nome e valor', diz Bumlai sobre festival que une sabor e identidade
Evento reúne tradição, genética, equinos e churrasco para aproximar o público urbano do que se produz no campo
FESTIVAL INTERNACIONAL DA CARNEO boi começa no campo, mas termina na mesa — e, de vez em quando, também no palco. Pelo menos é assim no Festival Internacional da Carne, que acontece em setembro, dentro do Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande. Na arena de provas e no gramado de churrasqueira, o Mato Grosso do Sul mostra seu sabor e sua vocação.
“A gente quer que o consumidor conheça a carne que está comendo. E entenda que ela tem origem, história, genética, manejo e qualidade”, explica Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul, organizadora do evento.
Neste ano, o festival chega à sua terceira edição, e, pela primeira vez, será realizado de forma conjunta com a Expo Equestre, unindo o universo da carne ao dos cavalos — e da cultura rural ao entretenimento urbano. Serão três dias, de 19 a 21 de setembro, com provas de rancho, laço, tambor, shows, degustações e exposições gastronômicas. Tudo no mesmo espaço.
“A proposta é simples: colocar o campo dentro da cidade e a cidade dentro do campo”, resume Bumlai.
A iniciativa não é só um evento gastronômico — é um esforço institucional para popularizar a carne produzida no Mato Grosso do Sul e destacar seu diferencial no mercado nacional. “Quando você fala em carne brasileira lá fora, a gente quer que perguntem: ‘Mas é do Mato Grosso do Sul?’”, diz ele, com convicção.
A escolha do local é estratégica. O Parque Laucídio Coelho é a sede da Acrissul e abriga, ao longo do ano, feiras, leilões, provas e cursos ligados ao setor agropecuário. Mas em setembro, o público muda de perfil: saem os pecuaristas e entram os chefes de cozinha, food trucks, churrasqueiros e curiosos.
“O Festival é uma forma de contar pro público urbano que aquela carne suculenta que está no prato começou muito antes — talvez há três anos, com uma inseminação e um manejo responsável”, conta Bumlai.
A programação inclui aulas-show com chefs renomados, espaço kids, feira de produtos locais, concursos gastronômicos e expositores de raças de corte. O visitante pode ver o animal no pasto, conhecer o criador, provar a carne e assistir a uma prova de laço — tudo no mesmo dia.
Mais do que entretenimento, o evento tem um papel pedagógico: ensinar, sem didatismo, que a carne é mais do que um produto — é cultura, economia e identidade. “O sul-mato-grossense tem orgulho da sua carne. E tem razão. É uma das melhores do mundo. Nosso papel é mostrar isso com transparência e sabor”, diz o presidente da Acrissul.
A cada edição, o festival cresce. Em 2024, recebeu cerca de 30 mil pessoas ao longo do fim de semana. Para este ano, a expectativa é maior. “Vamos unir dois grandes eventos num só. A Expo Equestre e o Festival Internacional da Carne vão se complementar. Um vai puxar o outro. E quem ganha é o público.”
O Festival também é uma vitrine para cortes nobres, raças melhoradas, técnicas de preparo e tendências do mercado da proteína animal. No centro do parque, um espaço chamado “Pavilhão da Carne” reúne stands de frigoríficos, cooperativas, pequenas agroindústrias e projetos de inovação rural.
Bumlai acredita que é esse tipo de aproximação que faz a diferença. “A gente quer que a carne sul-mato-grossense seja reconhecida não só pela qualidade, mas pelo rosto de quem produz. E também pelo gosto, claro.”
Ao encerrar a entrevista, feita durante a programação jornalística de uma rádio transmitida do próprio parque, ele reforça o convite: “Não é só uma feira. É uma experiência. Quem vier, vai comer bem, se divertir e aprender sobre tudo que está por trás de um bom pedaço de carne.”