Redação | 12 de agosto de 2025 - 15h34

PT rompe com governo Riedel e diz que decisão foi 'pela porta da frente'

Partido quer reunião com governador para oficializar desligamento; saída pode ser gradual para não interromper políticas públicas

POLÍTICA
O deputado federal Vander Loubet - (Foto: Lorena Sone)

O PT oficializou, na última sexta-feira (8), a saída da base de apoio do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB). O afastamento só deve ser concluído após encontro entre dirigentes da sigla e o governador, que está em viagem pela Ásia. Parlamentares avaliam que a transição pode ser gradual, de modo a não interromper políticas públicas em andamento.

Segundo o deputado federal Vander Loubet (PT), presidente do diretório estadual, a decisão foi tomada “pela porta da frente” e o partido fará “uma oposição responsável”. Em entrevista ao Giro Estadual de Notícias, na segunda-feira (11), ele afirmou que a manifestação de Riedel em solidariedade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a prisão domiciliar foi “o divisor de águas” para o rompimento.

“Temos algo que é caro para nós: a democracia. Todas as decisões do ministro Alexandre de Moraes foram homologadas pelo colegiado do Supremo. Não dá para questionar como autoritarismo. A partir da nota do governador, o PT resolveu sair do governo”, disse Vander. Ele afirmou que a presença de investimentos federais em infraestrutura, educação e programas como o Minha Casa, Minha Vida foi resultado da aliança iniciada no segundo turno de 2022, mas que a relação já vinha enfrentando desgastes.

O deputado estadual Pedro Kemp (PT) defende que alguns ocupantes de cargos comissionados permaneçam até concluir trabalhos, como o fórum organizado pela Subsecretaria de Políticas Públicas LGBTQIA+, previsto para o fim de agosto, e projetos de agricultura familiar. O partido indicou cerca de 25 nomes para postos na Secretaria de Cidadania, na Semadesc e na Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).

A deputada estadual Gleice Jane (PT) também ressaltou que a saída deve preservar políticas públicas, lembrando que a maioria dos indicados é formada por servidores concursados que assumiram funções comissionadas.

O distanciamento já era esperado no cenário eleitoral de 2025, no qual PT e Riedel devem apoiar candidatos diferentes para a Presidência e o governo estadual. Antes do rompimento, já havia atritos por declarações de Riedel sobre anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Para Zeca do PT, as movimentações partidárias de Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) — que devem se dividir entre a federação União/PP e o PL — inviabilizaram a parceria. Ele prevê uma disputa polarizada, com a esquerda e a extrema direita lançando candidatos próprios, cenário que, segundo ele, tende a levar a disputa ao segundo turno e dificultar a reeleição de Riedel.

Vander afirmou que o rompimento amplia a liberdade do partido para criticar o governo estadual e defender pautas federais que beneficiem o estado. Ele disse que o PT negocia a filiação do ex-deputado Fábio Trad e mantém diálogo com a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), visando a formação de uma frente ampla de apoio à reeleição de Lula.

Pré-candidato ao Senado, Vander declarou que seu projeto “está abaixo da prioridade de reeleger o presidente Lula” e defendeu a construção de alianças amplas para 2026.