12 de agosto de 2025 - 16h05

Preço do café recua pela primeira vez após 18 meses, mas impacto do tarifaço ainda é incerto

O recuo de 1,01% no café moído em julho reflete a maior oferta no campo, mas efeitos do tarifaço dos EUA sobre o produto brasileiro podem impactar o futuro

ECONOMIA
Após 18 meses de alta, o preço do café recuou em julho, refletindo o aumento da oferta. Mas o impacto do tarifaço dos EUA ainda é um ponto de incerteza para o mercado. - Marcello Casal jr/Agência Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (12) a inflação oficial de julho, que registrou 0,26%. Entre as principais notícias, destaca-se o recuo de 1,01% no preço do café moído, o primeiro após 18 meses de altas consecutivas. Durante esse período, o preço do produto chegou a aumentar 99,46%, praticamente dobrando de valor.

Com o recuo de julho, o café acumulou uma alta de 41,46% no ano e de 70,51% nos últimos 12 meses, sendo o item com a segunda maior contribuição para a inflação no período, com 0,30 ponto percentual (p.p.). Apenas as carnes apresentaram maior influência, com 0,54 p.p. (alta de 23,34%).

Causa do recuo

De acordo com Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, a queda de preços do café em julho é atribuída ao aumento da oferta no campo, devido à safra do grão. "São números de julho", explicou Gonçalves, lembrando que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo o café, só entrou em vigor no dia 6 de agosto.

O analista sugere que o efeito da maior oferta já estava sendo sentido antes do início da cobrança adicional de 50% sobre o produto nos Estados Unidos. "Com a colheita, a oferta aumenta e a pressão da demanda dos consumidores diminui, o que pode ter levado à redução nos preços", afirmou.

Essa dinâmica de oferta e demanda também pode ser um reflexo do tarifaço, caso os produtores de café não consigam encontrar outros mercados para o produto brasileiro. O encarecimento do café devido às tarifas pode fazer os compradores americanos repensarem a aquisição do item. "Tendo uma oferta maior do produto, a tendência é de redução de preços", concluiu Gonçalves.

Fatores climáticos e demanda global

A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) apontou que a alta nos preços nos 18 meses anteriores a julho foi causada por uma combinação de fatores, como eventos climáticos adversos que afetaram a safra do grão, além do aumento da demanda mundial, especialmente da China, que elevou o consumo de café.