Redação E+ | 11 de agosto de 2025 - 07h09

Gilberto Gil fala sobre a morte de Preta Gil e revela planos para as cinzas da cantora

Em entrevista ao Fantástico, músico relembrou a trajetória da filha, o período de tratamento e o legado deixado por ela

VARIEDADES
Serginho Groisman abraça Preta Gil em programa de 2006; vídeo foi exibido durante homenagem à cantora no 'Altas Horas' de 26 de julho de 2025 - (Foto: 'Altas Horas' (2025)/TV Globo)

No Dia dos Pais, o cantor e compositor Gilberto Gil falou pela primeira vez sobre a morte da filha, a cantora Preta Gil, em entrevista exibida pelo Fantástico, da TV Globo, no último domingo (10). Emocionado, o músico disse que a família ainda se adapta à ausência e que, apesar da dor, já havia começado a se preparar para a perda nos últimos anos.

“Estamos tristes, naturalmente. Ainda temos que nos acostumar com a perda, com a falta. Preta era uma menina muito cheia de vida, muito intensa no sentido afetivo. Ao mesmo tempo, ela já vinha com um sofrimento prolongado de três anos, quase”, contou Gil. “Com a Preta a gente teve tempo para, de certa forma, irmos nos acostumando com a ideia. O diagnóstico dela foi logo de início muito duro. As expectativas em relação à possibilidade de ela se curar eram pequenas.”

Gil afirmou que, apesar do luto, irá retomar sua turnê Tempo Rei, como uma forma de honrar o desejo da filha. “A morte faz parte da vida e a gente segue, né? Ela era cantora! Cantava! Dizia em vários momentos da doença: ‘Vai cantar! Vai pai, vambora!’. É um respeito também a esse caráter profundo da personalidade dela. Voltar a cantar por aí”, disse.

O músico também revelou os planos para atender ao último pedido de Preta em relação às suas cinzas. “(Ela queria que) fossem distribuídas entre as pessoas da família e dos amigos. Hoje, eu estava vendo a caixinha com as cinzas dela. Tem gente, por exemplo, que quer usar as cinzas para fazer uma espécie de joia. Tem gente que quer ter um tiquinho das cinzas em casa. Talvez seja o caso da família. Jogar um pouquinho no jardim de uma das casas. No mar da beira do mar de uma casa na Bahia”, contou.

Gil disse que não houve uma “última conversa” formal com a filha. “Sabendo que seria a última, não. Porque o mistério da vida continuava tão intenso quanto o mistério da morte. As nossas conversas eram sempre associadas a isso. Os amigos, os parentes, o filho dela, os amores dela, enfim, as coisas do mundo.”

Sobre o tratamento no exterior, o cantor explicou que a ida aos Estados Unidos fez parte da luta contra o câncer. “Ela resolveu ir, dentro desse contexto extraordinário de empenho, de amor à vida, de apego no sentido mais benigno da palavra. Eu usei esses últimos tempos lá nos Estados Unidos para isso. Acompanhá-la, cercá-la, no maior conforto possível.”

Sorrindo, Gil lembrou de momentos felizes com a filha. “Ela era talvez a mais espevitada de todos os filhos. Era uma menina incrível. Pretinha.”

Para ele, o maior legado da cantora vai além da música. “Primeiro com a música. Ela se dedicou logo pequenininha, já tinha muito gosto. Vivia num ambiente saturado de música, com a madrinha, os parentes, tudo mais. Estava pensando ontem sobre isso, sobre a herança que ela deixa para nós. Ela viveu uma vida que nos ensina muita coisa. Nos indica direções, escolhas a serem feitas, valores a serem cultivados. Era entusiasta de viver para que a vida seja melhor para ela e para todos. É o que fica dela, além da saudade.”