José Maria Tomazela | 08 de agosto de 2025 - 19h45

Polícia investiga ligação de influenciadores com PCC e CV em esquema do "jogo do tigrinho"

Operação Desfortuna apura publicidade enganosa, estelionato e lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 4 bilhões e pode ter relação com facções criminosas

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Bia Miranda, Gato Preto e Mamau alvos de operação da polícia. - (Foto: Reprodução/Rede Saocial)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro apura se parte dos lucros obtidos por influenciadores digitais envolvidos na divulgação de jogos de azar online, como o popular “jogo do tigrinho”, teria sido direcionada a facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).

A Operação Desfortuna, deflagrada nesta quinta-feira (7), cumpriu mandados de busca e apreensão contra 15 influenciadores do Rio, São Paulo e Minas Gerais, que somam mais de 30 milhões de seguidores. Eles são investigados por publicidade enganosa, estelionato e lavagem de dinheiro em um esquema que teria movimentado mais de R$ 4 bilhões.

Segundo o delegado Renan Mello, da Delegacia de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro, a rede para ocultar o dinheiro do esquema incluía intermediadoras de pagamento e fintechs, onde foram identificadas pessoas ligadas diretamente às facções. Apesar disso, não há provas de que os influenciadores negociavam de forma direta com integrantes das organizações criminosas.

A investigação aponta que os investigados recebiam até R$ 250 mil por três meses de divulgação. Os mais famosos ficavam com metade do valor perdido pelos apostadores que se registravam via link divulgado em seus perfis. Uma das influenciadoras chegou a movimentar R$ 4 milhões em apenas um ano.

Além do impacto financeiro, o delegado destaca que os conteúdos publicados violavam regras ao associar apostas a um estilo de vida de luxo, exibindo mansões, carros esportivos e viagens internacionais como supostos frutos dos jogos. “São ganhos astronômicos e contratos muito acima da realidade de mercado”, afirmou Mello.

O material apreendido será analisado, e novas fases da operação não estão descartadas. Apesar da gravidade das acusações, o delegado afirmou que, por enquanto, não houve pedido de prisão, já que os investigados não apresentam risco de fuga ou ameaça à ordem pública.