Dólar sobe após cinco quedas seguidas em meio a incertezas políticas e ajuste de mercado
Moeda americana avança 0,25% nesta sexta, influenciada por rumores sobre a sucessão de Bolsonaro e movimento de realização de lucros
DÓLARApós um começo de dia instável, o dólar encerrou esta sexta-feira (8) com leve alta, cotado a R$ 5,4361 — variação de 0,25% — quebrando uma sequência de cinco quedas consecutivas. Apesar da valorização pontual, a moeda americana acumulou recuo de 1,97% na semana e já cedeu 2,94% nos seis primeiros pregões de agosto.
Segundo operadores do mercado, a alta do dólar nesta reta final do dia foi influenciada por um ajuste técnico, após a forte valorização do real na semana, e também por informações políticas divulgadas pela agência Bloomberg. De acordo com a reportagem, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro indicam que ele estaria cada vez menos inclinado a apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como seu sucessor nas eleições presidenciais de 2026.
A possível retirada de apoio de Bolsonaro a Tarcísio mexeu com os ânimos do mercado. Isso porque parte dos investidores vê no governador paulista um nome alinhado a uma agenda mais austera e favorável ao controle fiscal, o que traria mais previsibilidade à economia. Diante disso, a dúvida sobre a candidatura pode ter levado a uma leve correção na moeda.
“O dólar teve esse movimento de ajuste num cenário de baixa liquidez. A semana foi muito positiva para o real, com entrada de fluxo estrangeiro, então a questão política pode ter servido como gatilho para a realização de lucros”, avalia Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos.
No exterior, o dólar se enfraqueceu em relação a várias moedas, especialmente as de países emergentes e exportadores de commodities, como o real, o peso colombiano e o rand sul-africano. O índice DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis moedas fortes, recuou mais de 1,70% no acumulado da semana, refletindo expectativas de cortes nos juros dos Estados Unidos.
O movimento foi reforçado por dados do mercado de trabalho americano, divulgados em 29 de julho, que mostraram desaceleração na geração de empregos. Com isso, cresceu a aposta de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) poderá iniciar cortes nas taxas de juros já em setembro, somando uma redução total de 75 pontos-base até o fim do ano.
Além disso, a indicação de Stephen Miram para o Conselho do Fed — no lugar de Adriana Kugler — e rumores de que Trump pretende nomear Christopher Waller para a presidência do banco reforçaram a percepção de um Fed mais inclinado a políticas monetárias expansionistas no futuro.
Outro fator que ajudou o real durante a semana foi a sinalização do governo Lula de que não pretende retaliar os Estados Unidos após o tarifaço imposto por Donald Trump, que atingiu 35,9% das exportações brasileiras para o mercado americano. A postura mais moderada do Brasil ajudou a reduzir tensões e trouxe algum alívio ao mercado cambial.