Lula pede que senadores rejeitem impeachment de Moraes
Durante evento no Acre, presidente defendeu o STF, atacou parlamentares oposicionistas e criticou a retaliação comercial dos EUA após prisão domiciliar de Bolsonaro
POLÍTICADurante agenda oficial em Rio Branco (AC), nesta sexta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo direto aos senadores para que não assinem pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido ocorre em meio à reação da oposição após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada por Moraes.
“Petecão, por favor, não assine pedido de impeachment do Alexandre de Moraes. Ele está defendendo a democracia”, afirmou Lula, dirigindo-se ao senador Sérgio Petecão (PSD-AC), durante cerimônia na Cooperacre. O presidente ainda chamou de “traidores da pátria” os parlamentares que tentam paralisar os trabalhos do Congresso em protesto.
A tensão política ganhou força após a prisão domiciliar de Bolsonaro, que é investigado por tentativa de golpe de Estado e por obstrução de justiça. A medida foi seguida por ações do governo dos Estados Unidos que atingiram diretamente o Brasil, incluindo sanções comerciais e um tarifaço anunciado pelo presidente americano Donald Trump.
Retaliação comercial dos EUA afeta exportações brasileiras
Em resposta à decisão do STF, Trump impôs tarifas de 50% sobre parte dos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. A medida entrou em vigor na última quarta-feira (6) e atinge 35,9% dos itens exportados ao país, o que representa 4% do total das exportações brasileiras. Cerca de 700 produtos ficaram fora da nova taxação.
Segundo o presidente americano, as tarifas são uma forma de retaliação a medidas que, segundo ele, prejudicam empresas de tecnologia dos EUA e interferem no processo judicial contra Bolsonaro. O novo posicionamento faz parte de uma política da Casa Branca para proteger a economia americana da competição com a China.
Lula reagiu afirmando que o governo irá proteger os produtores afetados. Um plano de contingência deve ser apresentado até a próxima terça-feira (12). “Não queremos ser mais do que ninguém, mas também não seremos menos. O presidente dos Estados Unidos precisa aprender a respeitar a soberania do Brasil”, afirmou.
China e o comércio de frango
Em outro trecho do discurso, Lula citou a suspensão das compras chinesas de carne de frango do Brasil, em função de casos de gripe aviária. Ele afirmou que vai interceder pessoalmente para retomar as exportações e disse que pedirá à China a compra de US$ 1 bilhão em pé de frango, produto que está parado nos estoques brasileiros. “Semana que vem vou ligar e dizer que a gripe aviária acabou”, afirmou.
Anúncios de investimentos no Acre
Durante o evento em Rio Branco, Lula também anunciou investimentos em infraestrutura, energia, educação e habitação no estado do Acre. O principal destaque é a recuperação da BR-364, uma das principais rodovias da região. O projeto vai receber R$ 870,9 milhões, divididos em quatro lotes, com expectativa de gerar mais de 12,5 mil empregos.
No setor elétrico, o programa Luz para Todos receberá R$ 235 milhões para levar energia a 6 mil famílias em áreas remotas. Também foram assinadas ordens de serviço para novas fases do programa, com atendimento previsto para 3,5 mil famílias na terceira etapa.
Na área educacional, foi anunciado o investimento de R$ 25 milhões para construção de um novo campus do Instituto Federal do Acre (Ifac) no município de Feijó, por meio do Novo PAC.
A cerimônia também marcou a entrega de 152 títulos de propriedade para assentados, além da criação de dois novos assentamentos rurais. Créditos para instalação de famílias em áreas de reforma agrária também foram liberados.
Fundo Amazônia financia projetos sociais
Com recursos do Fundo Amazônia, o BNDES e a SOS Amazônia firmaram contratos para fortalecer a agricultura familiar e o fornecimento de alimentos às escolas públicas. Um dos projetos assinados foi o Memorial Chico Mendes, que receberá R$ 9 milhões para garantir acesso à água potável a 282 famílias. Outro contrato, de R$ 24 milhões, será voltado ao programa Amazônia na Escola, com foco na inclusão de comunidades indígenas e tradicionais.
Segundo o governo federal, os anúncios fazem parte de uma estratégia mais ampla de inclusão social, sustentabilidade e desenvolvimento regional.