Após 11 anos separados, mãe e filho se reencontram com apoio da Justiça em MS
Elizete e Enzo foram afastados por decisão do pai; reencontro emocionante aconteceu no Fórum de Ponta Porã após decisão judicial
JUSTIÇA E AFETOForam 11 anos de silêncio, saudade e luta, mas também de esperança. Separados à força quando Enzo tinha apenas dois anos, ele e a mãe, Elizete, finalmente se reencontraram nesta semana com o apoio do sistema de Justiça de Mato Grosso do Sul. A emoção tomou conta do Fórum de Ponta Porã, onde o abraço interrompido por mais de uma década foi finalmente possível.
O garoto, hoje com 13 anos, foi encontrado em situação de vulnerabilidade e maus-tratos, e em janeiro deste ano acabou acolhido por uma instituição da cidade. Lá, revelou que tinha uma mãe que o amava, e pediu ajuda para encontrá-la.
“Meu filho foi levado de mim quando ele tinha dois anos, e nesse tempo todo tentei procurá-lo, mas sem sucesso. Nunca deixei de acreditar que estaríamos juntos novamente”, contou Elizete, emocionada após o reencontro.
O papel fundamental da rede de apoio
Foi a partir desse apelo que duas profissionais da casa de acolhimento – a coordenadora Tânia Jacques da Cruz e a psicóloga Thais Nantes Zacarias – iniciaram uma busca incansável. Conseguiram contato com uma parente de Elizete, e logo a mãe foi localizada em outro Estado, onde vive com o marido e três filhos.
"Quando recebeu a notícia, ela ficou em choque. Depois, foi emoção para todo mundo", lembrou Thais.
Logo após o reencontro por videochamadas, iniciou-se o processo legal para viabilizar a reintegração familiar. Um estudo psicossocial e relatórios favoráveis embasaram o pedido do Ministério Público, e a juíza Thielly Dias de Alencar Pitthan, da 1ª Vara Criminal de Ponta Porã, concedeu a guarda provisória à mãe, além de uma medida protetiva contra o pai, que havia afastado Enzo dela.
“Nenhuma criança merece ser privada do contato materno quando esse contato é saudável”, pontuou a magistrada.
Um novo começo
O reencontro, marcado por lágrimas e abraços, ocorreu no Fórum de Ponta Porã e foi acompanhado por integrantes da Justiça e da rede de proteção. O novo endereço da família é mantido em sigilo por questões de segurança, mas o futuro de Enzo com a mãe e os irmãos agora será construído com o amparo da lei e do afeto.
"Esperei tanto por esse momento. O coração estava batendo muito forte. Quando o vi, foi a hora que apertou. Não tenho palavras para dizer o que estou sentindo", disse Elizete. “Agora nossa família está completa. Nunca mais vamos nos separar.”
A assistente social do Fórum, Samia Mahmoud, também participou do processo e falou sobre a emoção de ver a vida de uma família sendo reconstruída.
“É um sonho realizado para todos, vidas transformadas. E nós, enquanto Poder Judiciário, estamos aqui para isso: escutar, acolher, orientar quem precisa e transformar vidas.”
Justiça com humanidade
A juíza Thielly Pitthan destacou que o caso é um dos mais marcantes que já viu, mesmo diante da rotina da Vara de Infância, onde não são raros os processos envolvendo violência doméstica e violação de direitos.
“É muito reconfortante conduzir um processo com um desfecho como esse. Isso faz com que a gente continue acreditando na justiça”, concluiu.
Com o apoio da rede de acolhimento, do Ministério Público e da Justiça, mãe e filho agora têm a oportunidade de viver a infância e a maternidade que lhes foi negada por mais de uma década. Uma história que, após tanta dor, finalmente pode ter um novo começo.