Moraes nega desbloqueio de contas e chaves Pix de ex-assessor investigado
Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, teve ativos bloqueados em processo sigiloso e sem acesso à defesa
POLÍTICAO ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu nesta sexta-feira (8) manter o bloqueio das contas bancárias, chaves Pix e cartões de crédito do seu ex-assessor no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, investigado por suposto envolvimento em vazamento de informações sigilosas.
A defesa de Tagliaferro havia solicitado a reconsideração da decisão e o acesso aos autos do processo, alegando desconhecimento prévio das investigações e afirmando que só tomou ciência do bloqueio pela imprensa. Os advogados também afirmaram que não haviam recebido qualquer notificação oficial.
Na decisão, Moraes negou os pedidos, justificando que o processo ainda se encontra em fase de diligências em andamento e que, portanto, o acesso aos autos seria “prematuro”. O ministro baseou sua decisão em um precedente da Segunda Turma do STF, de 2006, que autoriza o sigilo de investigações em curso.
“Na mesma decisão que foi determinado o bloqueio de ativos financeiros, chaves Pix e cartões de crédito do requerente, foram deferidas outras diligências, ainda não cumpridas. Portanto, o deferimento do requerimento, neste momento investigatório, se revelaria absolutamente prematuro”, destacou Moraes.
Apesar da manutenção do bloqueio, Moraes não detalhou nesta decisão os motivos específicos que levaram à medida. O caso segue sob sigilo judicial e envolve apuração da Polícia Federal, que em abril indiciou Eduardo Tagliaferro por suspeita de envolvimento no vazamento de mensagens trocadas por servidores de gabinetes do STF e do TSE.
As informações vazadas teriam como origem os bastidores dos trabalhos de Alexandre de Moraes. Após sua saída do TSE, Tagliaferro passou a adotar posicionamentos radicais nas redes sociais, alinhando-se a narrativas de extrema-direita e promovendo campanhas de arrecadação via Pix — comportamento que chamou a atenção das autoridades.
Exílio e promessas de denúncia
Fora do Brasil, Eduardo Tagliaferro afirma atualmente residir na Itália, de onde tem feito postagens críticas ao STF e ao ministro Moraes. Em publicações recentes, o ex-assessor promete divulgar supostas provas que colocariam o ministro sob investigação internacional — alegações não comprovadas até o momento.
Desde que rompeu com o Judiciário, Tagliaferro tem se apresentado como perseguido político e diz sofrer retaliação por divulgar informações internas do sistema de Justiça. O bloqueio de suas contas, segundo aliados, tem sido usado como argumento em suas campanhas de financiamento coletivo nas redes.
Investigação avança sob sigilo
Por se tratar de um procedimento em andamento, as autoridades ainda não informaram a natureza completa das diligências autorizadas por Moraes. O sigilo dos autos e das medidas cautelares é, segundo o STF, uma forma de preservar a integridade das investigações e garantir o cumprimento eficaz das etapas processuais.
A expectativa é de que novas informações sejam divulgadas após a conclusão das diligências pendentes. Até lá, tanto os ativos financeiros de Tagliaferro quanto os detalhes do processo seguem indisponíveis à defesa.