Em Campo Grande, cabeleireira transforma material vegetal em produto inovador e biodegradável
Em Campo Grande, fios feitos de bananeira criam alternativa natural, mais barata e biodegradável aos apliques comuns
EMPREENDEDORISMOTudo começou quando Marilza Silva cortou um cacho de banana. Do talo saiu uma fibra que parecia cabelo. Na dúvida, resolveu testar.
Cabeleireira e megahista da comunidade Lagoa Park, em Campo Grande (MS), Marilza já estava cansada de ver suas clientes — em especial as mulheres negras — enfrentarem o alto custo e a rotina difícil de cuidar dos cabelos. Era caro, demorado e, às vezes, inatingível.
Foi aí que ela criou um aplique diferente: feito com fibra de bananeira. Macio, resistente e com textura parecida com o cabelo humano, o produto não só agradou quem usava, mas também chamou atenção pelo preço acessível e pela origem sustentável. Quando descartado, o fio se decompõe em apenas oito dias. “A bananeira tá aí, a fibra é jogada fora. Por que não aproveitar?”, diz.
Com apoio do programa Inova Cerrado, do Sebrae/MS, o que começou como experiência caseira virou negócio. A marca Meus Cabelos, Meus Fios foi uma das premiadas no projeto. Marilza já criou 17 produtos diferentes usando frutas do Cerrado e recebeu propostas de sete países. “Antes, pensei em desistir. Hoje, quero exportar”, afirma.
A fibra da bananeira, antes vista como resto, agora vira autoestima — tingida, trançada, moldada. A ideia, nascida de uma necessidade real, hoje ajuda outras mulheres a economizarem tempo e dinheiro. E mostra que inovação também pode brotar do quintal.