Mapa Capital assume controle da Casas Bahia após conversão de dívidas em ações
Operação reduz dívida pela metade e marca nova fase da reestruturação da varejista, que aposta em marketing tradicional e inovação digital
CASAS BAHIAA Casas Bahia tem um novo controlador. A gestora de investimentos Mapa Capital passou a deter 85,5% das ações ordinárias da rede, depois de transformar títulos de dívida (debêntures) em participação acionária. A operação derrubou a dívida do grupo para R$ 1,6 bilhão, praticamente a metade do valor anterior, e deve gerar uma economia anual de R$ 230 milhões em custos financeiros.
Para o sócio da Mapa, Fernando Beda, o momento é de otimismo: “Acreditamos no potencial do grupo. A evolução dos resultados operacionais reforça que a companhia está trilhando o caminho certo”, afirmou.
Desde o ano passado, a Casas Bahia enfrenta um amplo processo de reorganização, impulsionado pelo aumento dos juros e pelo endividamento após a pandemia. Em 2024, a varejista concluiu uma recuperação extrajudicial para alongar prazos e cortar despesas financeiras.
Entre as medidas adotadas estão a redução de estoques, o relançamento da histórica campanha publicitária “Dedicação total a você”, a criação da plataforma de anúncios CasasBahia Ads, investimentos no aplicativo e em novos formatos de lojas.
De acordo com o presidente do Grupo Casas Bahia, Renato Franklin, a conversão da dívida em ações é estratégica para o futuro da empresa. “Isso deve contribuir para a redução relevante do custo financeiro, especialmente no atual cenário macroeconômico”, disse.
A Mapa Capital adquiriu dívidas que antes estavam com Bradesco e Banco do Brasil, mantendo abertas as linhas de crédito com essas instituições. A gestora é especializada em reestruturação, assessoria em fusões e aquisições e já participou de operações semelhantes, como na fabricante de peças automotivas Plascar.
Com a nova configuração, antigos acionistas, incluindo a família do fundador Samuel Klein, viram sua participação encolher. Michel Klein, que hoje detém 3,8% das ações, já declarou interesse em retornar ao conselho em 2026 e busca apoio entre investidores. Analistas agora observam como será a relação entre ele e a nova controladora.
A Mapa Capital, procurada, não comentou sobre possíveis mudanças na governança ou estratégias futuras.