Luís Eduardo Leal e Paula Dias | 07 de agosto de 2025 - 19h30

Ibovespa atinge maior nível em quase um mês com alívio nos juros e avanço de ações de peso

Índice fecha em alta de 1,48% e ultrapassa os 136 mil pontos, impulsionado por resultados corporativos, recuo do dólar e menor tensão com os EUA

IBOVESPA
Ibovespa atinge maior nível em quase um mês com alívio nos juros e avanço de ações de peso - (Foto: Envato Elements)

O Ibovespa voltou a ganhar fôlego nesta quinta-feira (7) e superou novamente a marca dos 136 mil pontos, encerrando o dia em alta de 1,48%, aos 136.527,61 pontos. Esse é o maior nível de fechamento do índice desde 10 de julho e o quarto pregão consecutivo de valorização sequência positiva que não se via desde maio.

O movimento de recuperação vem após semanas de correção, iniciadas logo após a máxima histórica registrada no começo de julho, quando o índice atingiu 141 mil pontos. A confirmação de que o tarifaço imposto por Donald Trump às importações brasileiras será mantido com exceções, e sem retaliação por parte do governo Lula, ajudou a reduzir a percepção de risco local, influenciando diretamente a curva de juros e o mercado de ações.

A sinalização do governo brasileiro de que não pretende reagir de forma agressiva às tarifas dos EUA, reforçada por falas do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tranquilizou os investidores. Ele afirmou não haver planos de quebrar patentes em resposta à medida americana, o que foi visto como uma tentativa de manter o diálogo aberto com os Estados Unidos.

Além disso, o dólar também recuou, fechando o dia na casa de R$ 5,42. Esse movimento, combinado ao recuo da curva de juros, criou um ambiente mais favorável ao mercado de renda variável.

Apesar da sessão ter sido considerada "morna" em termos de catalisadores, analistas técnicos destacaram a superação da resistência na faixa dos 135 mil pontos. A quebra desse patamar pode representar o início de um novo canal de alta, com potencial para o Ibovespa buscar os 137 mil ou até 140 mil pontos, segundo Bruna Sene, analista da Rico Investimentos.

O volume negociado na sessão foi de R$ 23,9 bilhões. No acumulado da semana, o índice já sobe 3,09%. No mês, a valorização é de 2,60%, e no ano, o Ibovespa acumula alta de 13,50%.

No campo corporativo, os resultados trimestrais continuam influenciando as ações. Os papéis da Eletrobras dispararam após divulgação de números positivos: ELET3 subiu 9,47% e ELET6, 9,60%, liderando as altas do dia. Também se destacaram Smartfit (+7,80%) e Cogna (+5,32%).

Já entre as maiores quedas, ficaram Minerva (-5,14%), Hypera (-3,74%) e Raízen (-2,99%).

Entre as chamadas "blue chips", os grandes bancos apresentaram altas consistentes, com Itaú PN avançando 1,77%. A Vale ON fechou com alta de 0,63% e a Petrobras, mesmo com o petróleo em queda, subiu 0,71% (ON) e 0,56% (PN).

Para Felipe Moura, gestor da Finacap Investimentos, os balanços têm compensado a instabilidade política e institucional do país: "Apesar de o cenário ainda ser instável, a temporada de resultados tem surpreendido positivamente, como vimos em Eletrobras e Suzano, e isso ajuda na recuperação dos preços dos ativos."

Analistas seguem atentos à continuidade dessa tendência, ressaltando que, embora o mercado esteja em um momento técnico favorável, o ambiente macro e político ainda pode trazer volatilidade nas próximas semanas.