Alta de vírus respiratórios preocupa e mantém hospitalizações infantis em nível elevado
Boletim da Fiocruz revela persistência de casos de SRAG por VSR em crianças e aumento de covid-19 no Ceará, Rio de Janeiro e Bahia
SAÚDEOs casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) provocados por vírus respiratórios continuam em alta entre crianças no Brasil, segundo o boletim InfoGripe divulgado nesta quinta-feira, 7, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O levantamento mostra que o vírus sincicial respiratório (VSR), principal responsável pelas internações infantis, ainda mantém níveis elevados na maior parte dos estados.
O cenário preocupa autoridades de saúde, especialmente pela persistência de hospitalizações entre crianças de até 2 anos. Além do VSR, o rinovírus também tem provocado aumento das internações, como observado na Bahia. Já a covid-19 voltou a apresentar crescimento no Rio de Janeiro e segue em alta no Ceará, elevando o alerta principalmente para a população idosa.
De acordo com a pesquisadora Tatiana Portela, do InfoGripe, é essencial manter o calendário vacinal atualizado. “Como em alguns estados os casos de SRAG por Influenza A continuam altos, também é importante estar em dia com a vacina contra a gripe”, afirma. Ela reforça ainda a necessidade da vacinação contra a covid-19, especialmente entre idosos e pessoas imunocomprometidas, que devem receber doses de reforço a cada seis meses.
Cenário nacional mostra leve tendência de queda
Apesar do alerta regional, o cenário nacional aponta uma queda discreta nas notificações de SRAG. As tendências de curto (últimas três semanas) e longo prazo (últimas seis semanas) mostram redução geral dos casos. Desde o início do ano epidemiológico de 2025, foram registrados 150.615 casos de SRAG, dos quais 53,5% (80.577) tiveram resultado positivo para algum vírus respiratório.
Entre os casos laboratoriais já analisados, 34,1% (51.291) foram negativos, enquanto 5,9% (8.853) ainda aguardam resultado.
Crianças e idosos continuam entre os grupos mais afetados
Enquanto o VSR segue como principal responsável pelos casos de SRAG em crianças, o Influenza A ainda mantém números relevantes entre idosos, especialmente nos estados do Centro-Sul, além de regiões do Norte e Nordeste. O boletim aponta que, embora haja uma tendência de queda nos casos de influenza entre idosos, os números ainda exigem atenção, principalmente diante do início do segundo semestre e da circulação conjunta de diversos vírus respiratórios.
Segundo os dados das últimas quatro semanas epidemiológicas, entre os casos positivos, a distribuição dos vírus foi:
- VSR: 44,7%
- Rinovírus: 34,6%
- Influenza A: 13,9%
- Sars-CoV-2 (covid-19): 5,6%
- Influenza B: 1,5%
Já entre os óbitos com resultado positivo para vírus respiratórios:
- Influenza A: 51,6%
- VSR: 18,4%
- Rinovírus: 18%
- Sars-CoV-2: 8,1%
- Influenza B: 2%
Reforço vacinal é essencial para conter evolução dos casos graves
A Fiocruz reforça a necessidade de vacinação contínua e reforçada, sobretudo em públicos mais vulneráveis. A campanha de imunização contra a gripe e a covid-19 tem papel crucial para evitar casos graves e reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, principalmente durante períodos de maior circulação viral.
A pesquisadora Tatiana Portela lembra que “idosos e imunocomprometidos devem manter o reforço vacinal contra a covid-19 a cada seis meses”, como forma de prevenção contra agravamentos.
- Estados com maiores alertas regionais
- Ceará: aumento contínuo nos casos de covid-19
- Rio de Janeiro: nova elevação nas notificações da doença
- Bahia: maior número de hospitalizações por rinovírus entre crianças e adolescentes
- Essas oscilações demonstram a necessidade de vigilância constante e capacidade de resposta rápida por parte das secretarias estaduais e municipais de saúde.
Cuidado redobrado para a população infantil
Com a persistência do VSR e rinovírus, os profissionais de saúde reforçam o cuidado com crianças pequenas, que apresentam maior risco de complicações respiratórias. Além da vacinação, é importante manter medidas de higiene e evitar aglomerações em locais fechados, especialmente durante picos de circulação viral.
A combinação de vírus em circulação, incluindo covid-19, influenza e VSR, cria um ambiente complexo e que exige ação coordenada entre governo, profissionais de saúde e população.