Alckmin se reúne com diplomata dos EUA após tarifa de 50% sobre produtos brasileiros
Encontro ocorreu fora da agenda oficial e abordou as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, mas conteúdo da conversa não foi divulgado
TARIFAÇOO vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, se reuniu nesta quinta-feira (7) com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. O encontro, fora da agenda oficial, acontece um dia após a entrada em vigor da tarifa de 50% imposta por Washington a uma parcela significativa das exportações brasileiras.
A reunião ocorreu em Brasília, no edifício sede do Mdic. Em nota breve, a pasta informou apenas que a conversa teve como foco as relações bilaterais entre os dois países. Nenhum dos lados revelou o conteúdo detalhado da reunião, que acontece num momento de tensão comercial entre Brasília e Washington.
Impacto da tarifa
Desde quarta-feira (6), os Estados Unidos passaram a aplicar uma tarifa máxima de 50% sobre quase 36% das exportações brasileiras, afetando setores estratégicos como carne e café. Segundo o Mdic, 44,6% dos produtos exportados seguem pagando a tarifa original de 10%, pois estão na lista de exceções.
Entre os itens que ficaram de fora da nova alíquota estão suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos. A decisão de Washington gerou preocupação no governo brasileiro e mobilizou autoridades em busca de alternativas e compensações.
Articulação política
Antes de ir ao encontro de Alckmin, Escobar esteve reunido com o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Logo após a reunião no Mdic, o diplomata seguiu para a Câmara dos Deputados, onde manteve outras conversas com autoridades parlamentares.
Gabriel Escobar é atualmente o principal interlocutor do governo dos Estados Unidos no Brasil, já que o país está sem embaixador desde a saída de Elizabeth Bagley, em janeiro deste ano. Até o momento, a administração do presidente Donald Trump ainda não indicou um novo nome para o posto.
Governo prepara resposta
Diante da medida adotada por Washington, o governo brasileiro trabalha na elaboração de um plano de contingência para minimizar os impactos nos setores afetados, em especial a cadeia da carne e do café. Segundo o Mdic, uma medida provisória está sendo preparada, mas a data de apresentação ainda não foi confirmada.
Além da reação interna, o Brasil articula com aliados internacionais uma resposta conjunta, incluindo diálogos no âmbito do Brics, conforme adiantou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante conversa com o primeiro-ministro da Índia, Lula defendeu uma ação coordenada dos países do bloco frente às barreiras comerciais impostas pelos EUA.
A imposição tarifária é vista por especialistas como uma escalada protecionista do governo Trump, que tem adotado medidas semelhantes com outras economias emergentes. A decisão pressiona o Brasil a diversificar seus mercados de exportação, como estratégia de médio e longo prazo.