Dow Jones Newswires* | 07 de agosto de 2025 - 17h15

Trump quer novo censo nos EUA sem contar imigrantes ilegais

A medida pode impactar a distribuição de cadeiras no Congresso e reacende debates sobre imigração e manipulação de dados eleitorais

EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - (Foto: Jacquelyn Martin/AP Foto)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitou nesta semana que o Departamento de Comércio inicie imediatamente a elaboração de um novo censo populacional. O diferencial da proposta é a exclusão de imigrantes que vivem ilegalmente no país. A medida pode influenciar diretamente a política eleitoral e a representatividade no Congresso, especialmente em estados com grande número de imigrantes.

“Pessoas que estão ilegalmente em nosso país NÃO SERÃO CONTADAS NO CENSO”, declarou Trump em suas redes sociais. Segundo ele, o novo levantamento seria “altamente preciso” e baseado em dados atualizados. O presidente também afirmou que os trabalhos devem começar imediatamente.

A proposta surge em meio ao período pré-eleitoral das chamadas midterms, as eleições de meio de mandato, marcadas para 2026. Analistas políticos apontam que a iniciativa pode fazer parte de uma estratégia mais ampla de Trump para desacreditar os dados oficiais do governo, especialmente aqueles relacionados à economia e à distribuição populacional.

Atualmente, o censo dos EUA inclui todos os residentes — independentemente de seu status migratório — para determinar a quantidade de assentos que cada estado terá na Câmara dos Representantes. Isso significa que estados com maior número de imigrantes, em sua maioria democratas, acabam recebendo mais representatividade.

De acordo com levantamento do Pew Research Center, a maior parte dos imigrantes em situação irregular vive em estados tradicionalmente democratas, como Califórnia e Nova York. A exclusão desse grupo do censo poderia reduzir o número de cadeiras atribuídas a esses estados na Câmara e enfraquecer sua influência política.

A mudança também afetaria o redesenho dos distritos eleitorais, processo feito com base nos dados detalhados do censo e entregue às assembleias legislativas estaduais. A nova contagem — se levada adiante — poderia alterar a configuração eleitoral por toda a década seguinte.

O próximo censo oficial dos Estados Unidos está programado para 2030, com divulgação dos resultados no início de 2031. É a partir desse levantamento que os dados populacionais são usados para a realocação das 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, conforme variações demográficas entre os estados.

Segundo a legislação americana, as assembleias estaduais receberão as informações detalhadas até a primavera de 2031, para redesenhar seus mapas distritais. Ainda não está claro se a nova diretriz de Trump pretende modificar essa programação legal ou criar um levantamento paralelo.

Esta não é a primeira vez que Trump tenta modificar os critérios do censo para excluir imigrantes em situação irregular. Durante seu primeiro mandato, o então presidente tentou incluir uma pergunta sobre cidadania no formulário de 2020, mas foi impedido por decisão da Suprema Corte dos EUA.

Agora, com o controle do Executivo novamente em suas mãos, Trump retoma a pauta, reacendendo o debate sobre representatividade, imigração e manipulação institucional.