Hugo Motta promete ação contra deputados que obstruíram sessões por 30 horas
Presidente da Câmara afirma que medidas serão tomadas ainda nesta quinta-feira; oposição bolsonarista ocupou Mesa Diretora e paralisou trabalhos
CRISE NO CONGRESSOO presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou nesta quinta-feira (7) que tomará providências em relação aos parlamentares da oposição que impediram o funcionamento da Casa por mais de 30 horas. Segundo ele, uma definição sobre possíveis sanções deve ser anunciada ainda hoje.
“Vamos trazer de volta o ambiente do debate e da defesa de ideias. O diálogo prevaleceu”, afirmou Motta ao chegar à Câmara pela manhã, após dois dias de sessões obstruídas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na noite de quarta-feira (6), o presidente conseguiu reassumir a cadeira da Mesa Diretora e abrir oficialmente uma sessão plenária, encerrando o impasse momentaneamente. Durante um breve discurso, ele mandou um recado direto aos oposicionistas: “O País deve estar em primeiro lugar, e não projetos pessoais”.
Protesto bolsonarista
O grupo bolsonarista protagonizou uma série de ações na Câmara e no Senado como forma de protesto contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante a manifestação, deputados cobriram a boca e os olhos com esparadrapos e ocuparam fisicamente a Mesa Diretora, impedindo o início das sessões. A deputada Julia Zanatta (PL-SC), por sua vez, levou a filha de apenas quatro meses para o plenário e permaneceu sentada na cadeira da presidência ao longo do dia.
No Senado, os senadores Magno Malta (PL-ES), Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) se acorrentaram à mesa onde são comandadas as sessões. O protesto teve início na noite de terça-feira (5) e se estendeu até a madrugada de quinta-feira.
Clima de tensão
O gesto dos parlamentares teve como pano de fundo a insatisfação com a decisão do STF e uma tentativa de pressionar a tramitação de projetos como o PL da Anistia e pedidos de impeachment contra ministros da Corte.
Hugo Motta assumiu recentemente a presidência da Câmara após a renúncia de Arthur Lira (PP-AL). O episódio desta semana colocou à prova sua capacidade de articulação e liderança diante de uma crise institucional no Congresso.