Maria Magnabosco | 07 de agosto de 2025 - 12h55

Deputada é denunciada ao Conselho Tutelar após levar bebê a protesto no Congresso

Reimont (PT-RJ) acusa Julia Zanatta de expor filha de 4 meses a ambiente de risco durante obstrução de sessões no Congresso

CÂMARA DOS DEPUTADOS
Julia Zanatta (PL-SC) com o bebê de 4 meses no colo na Câmara - Imagem: Reprodução/Instagram

O deputado federal Reimont (PT-RJ) acionou o Conselho Tutelar nesta quarta-feira (6) contra a deputada Julia Zanatta (PL-SC), que levou sua filha de apenas quatro meses para o plenário da Câmara dos Deputados durante um protesto de parlamentares bolsonaristas que tentavam impedir o andamento das sessões legislativas.

Zanatta participou da manifestação com a criança no colo e, em publicações nas redes sociais, chegou a dizer que usou o bebê como “escudo” para evitar ser retirada à força do local. A atitude gerou forte repercussão nas redes e críticas de parlamentares e entidades de proteção à infância.

Denúncia formal

No ofício encaminhado ao Conselho Tutelar, Reimont apontou que a conduta da deputada representa risco à segurança da criança, já que ela foi levada a um ambiente “de instabilidade, risco físico e tensão institucional”.

“Mesmo com alertas e possibilidade de intervenção da Polícia Legislativa, a deputada permaneceu com a criança no colo, sentada nas cadeiras da Mesa Diretora da Câmara”, escreveu o parlamentar na denúncia.

A Mesa Diretora é o espaço central de comando das sessões legislativas e foi ocupada por parlamentares da oposição que protestavam contra o Supremo Tribunal Federal e em defesa da aprovação do PL da Anistia.

Posicionamento da deputada

Em resposta às críticas, Julia Zanatta utilizou o X (antigo Twitter) para rebater a denúncia. “Os que me atacam não estão preocupados com a integridade da criança, nenhum abortista jamais esteve. Eles querem é inviabilizar o exercício profissional de uma mulher usando SIM uma criança como escudo”, escreveu.

Ela e outros parlamentares da oposição protagonizaram atos de obstrução na Câmara e no Senado. A movimentação, que começou na noite de terça-feira (5), incluiu tentativas de impedir fisicamente o início das sessões.

Tensão no Congresso

A ocupação dos plenários das duas Casas ocorreu em meio à pressão de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela votação do PL da Anistia e do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

No Senado, os senadores Magno Malta (PL-ES), Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) chegaram a se acorrentar à Mesa Diretora, revezando-se durante a madrugada.

Na Câmara, o novo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu retomar os trabalhos por volta das 22h25 de quarta-feira, abrindo oficialmente a sessão e encerrando-a com um breve discurso em defesa do diálogo entre os Poderes.