Caio Possati | 07 de agosto de 2025 - 11h05

Policial da reserva acusa namorado de Carmen de envolvimento em assassinato

Estudante trans da Unesp de Ilha Solteira está desaparecida desde junho; depoimentos se contradizem e polícia investiga possível feminicídio

NACIONAL
A estudante de Zootecnia da Unesp Carmen de Oliveira Alves, de 25 anos. - Foto: Reprodução/Rede Social

A investigação sobre o desaparecimento da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, ganhou novos desdobramentos após depoimento prestado pelo policial militar da reserva Roberto Carlos de Oliveira, nesta semana. Carmen desapareceu em 10 de junho, após sair da universidade em Ilha Solteira (SP), e desde então não foi mais vista. A polícia trabalha com a hipótese de feminicídio.

Durante o depoimento, Roberto Carlos afirmou que Carmen foi assassinada pelo então namorado dela, Marcos Yuri Amorim, com quem o policial também mantinha um relacionamento, de natureza afetiva e financeira. Segundo o delegado responsável pelo caso, Miguel Gomes da Rocha Neto, ambos os suspeitos estão presos preventivamente desde 10 de julho, mas continuam trocando acusações e negando envolvimento direto no crime.

“O depoimento do policial apresenta um álibi, mas isso não significa que ele esteja completamente fora do crime. A colaboração dele ainda é investigada”, explicou o delegado.

De acordo com a investigação, Carmen vinha exigindo que Marcos Yuri assumisse publicamente o relacionamento entre os dois. Ela teria ameaçado denunciá-lo por envolvimento em crimes patrimoniais, caso ele continuasse negando o namoro. A polícia apurou que a jovem teria inclusive reunido documentos e provas em um possível “dossiê”.

Esse cenário, segundo o delegado, pode ter motivado o crime. “Ela pressionava para que ele a assumisse, e isso teria incomodado ambos os suspeitos. Ainda não está claro quem executou o assassinato, mas há indícios de premeditação”, afirmou Rocha.

Apesar das prisões e dos depoimentos, o corpo de Carmen ainda não foi encontrado. Na última semana, a polícia localizou um aparelho celular que seria da vítima, além de ossos que foram enviados ao Instituto Médico Legal (IML). No entanto, segundo o delegado, os fragmentos analisados até o momento não indicam origem humana, e os exames continuam em andamento.

A jovem cursava o último ano do curso de Zootecnia na Unesp de Ilha Solteira, e havia saído da universidade após uma prova, utilizando uma bicicleta elétrica. O rastreamento do celular mostra que ela foi até a casa do namorado, e desde então, desapareceu.