Ricardo Eugenio | 07 de agosto de 2025 - 08h30

O que explica o avanço dos escorpiões em Mato Grosso do Sul

Com dois casos fatais em menos de uma semana, especialistas alertam sobre o período reprodutivo e risco crescente em áreas urbanas

PERÍODO REPRODUTIVO
Adryan, em foto publicada pelos pais nas redes sociais. - (Foto: Arquivo pessoal)

Mato Grosso do Sul registrou, em menos de uma semana, duas mortes de crianças provocadas por picadas de escorpiões, elevando o nível de alerta das autoridades de saúde e reforçando a necessidade de ações de prevenção diante do início do período reprodutivo do animal peçonhento.

O caso mais recente ocorreu na última quarta-feira (6), em Naviraí, a 380 km de Campo Grande. Adryan Souza Martins, de 8 anos, foi picado por um escorpião que estava dentro de seu tênis durante um casamento. A criança foi transferida em estado grave para o Hospital Universitário de Dourados, mas não resistiu. No domingo (3), Valentina Macedo, também de 8 anos, faleceu após ser picada no quintal de casa, em Chapadão do Sul.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o estado registrou 3.436 acidentes com escorpiões entre janeiro e junho deste ano. O soro antiescorpiônico está disponível em hospitais de 67 municípios, mas não é fornecido em unidades básicas.

Segundo o biólogo Isaias Pinheiro, os acidentes se intensificam nesta época do ano devido ao aumento da atividade dos escorpiões durante o período reprodutivo. “Os casos com animais peçonhentos costumam aumentar nessa época. Os acidentes estão acontecendo dentro das residências, por isso é importante notificar os centros de controle”, afirma.

Entre as recomendações preventivas estão verificar roupas e calçados antes do uso, manter camas e berços afastados das paredes, vedar ralos e frestas e evitar que roupas de cama toquem o chão. A limpeza de quintais e o descarte adequado de entulho também são medidas importantes para reduzir o risco de infestação.

Em Campo Grande, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realiza orientações e agendamentos de desinsetização, com atendimento pelos telefones (67) 2020-1796, 2020-1802 e 3313-5000, além do WhatsApp (67) 2020-1796.

Em caso de picada, a orientação é lavar o local com água e sabão e procurar imediatamente atendimento médico. Não se recomenda uso de torniquetes, aplicação de produtos caseiros ou tentativas de sucção do veneno. Se possível, o animal deve ser capturado ou fotografado para identificação da espécie.

As autoridades de saúde alertam que, embora os escorpiões façam parte do ambiente urbano, sua presença pode ser controlada com ações coordenadas entre poder público e população.