Agência Brasil | 06 de agosto de 2025 - 17h30

Lula reage a tarifa dos EUA e articula resposta com líderes do Brics

Presidente brasileiro critica postura de Trump, defende soberania do país e busca apoio internacional para enfrentar restrições às exportações

TARIFAÇO DE TRUMP
Lula reage a tarifa dos EUA e articula resposta com líderes do Brics - (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Diante da nova rodada de tarifas aplicadas pelos Estados Unidos contra o Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (6) que pretende acionar os demais países do Brics para discutir o impacto das medidas. Ele deve conversar com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente da China, Xi Jinping, buscando uma posição conjunta.

A declaração foi feita em entrevista à agência Reuters, no mesmo dia em que entraram em vigor as tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras para o mercado norte-americano. Além disso, o presidente Donald Trump anunciou uma nova tarifa de 25% sobre produtos da Índia, alegando que o país consome petróleo de origem russa.

Apoio às empresas e foco no emprego

Lula afirmou que o governo está concentrado em proteger os empregos e abrir novos mercados para os produtos nacionais. Segundo ele, o Ministério da Fazenda já trabalha no texto de uma medida provisória com ações para enfrentar as consequências do chamado "tarifaço", que deve ser enviado ainda hoje ao Palácio do Planalto.

Apesar da gravidade da situação, Lula disse que não vê espaço para diálogo com Trump neste momento.

“Não vou ligar para ele. Ele não quer conversa. Nas cartas e decisões dele, não há menção a negociação. Só ameaças”, declarou.

O presidente também destacou que prefere manter o caminho da diplomacia antes de adotar medidas mais duras, como retaliar com tarifas contra produtos norte-americanos.

“Não quero ter o mesmo comportamento do presidente Trump. Se um não quer, dois não brigam. E eu não quero brigar com os Estados Unidos”, afirmou.

Defesa da soberania

Lula foi enfático ao criticar a postura dos EUA, classificando a imposição das tarifas como autoritária e desrespeitosa com a soberania brasileira.

“Não aceitamos que nenhum país, grande ou pequeno, venha dar pitaco na nossa soberania. Só o povo brasileiro manda no Brasil”, disse.

O presidente também rebateu críticas feitas por Trump à legislação brasileira que regula o funcionamento de grandes empresas de tecnologia, conhecidas como big techs.

“Se não quiser regulação, que saia do Brasil. O país é soberano, tem Constituição, e vamos regular o que for do interesse da nossa sociedade”, completou.