Carlos Guilherme | 06 de agosto de 2025 - 16h10

Vander critica apoio de Riedel a Bolsonaro e convoca reunião para saída do PT do governo estadual

Deputado federal diz que apoio do partido ao governador se baseava em compromisso com a democracia e cobra coerência política após declarações pró-Bolsonaro

RELAÇÃO ESTREMECIDA
O deputado federal Vander Loubet (PT) - (Foto: Arquivo)

O deputado federal Vander Loubet (PT) reagiu às declarações recentes do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), que se posicionou contra a possibilidade de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para o parlamentar, o tom adotado por Riedel representa um rompimento com os princípios democráticos que sustentaram o apoio do PT à sua candidatura no segundo turno das eleições de 2022.

“Fechamos apoio ao Riedel por entender que ele representava uma centro-direita democrática e sensata. Isso foi um acordo de ambas as partes”, afirmou Vander, em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (6). Segundo ele, a postura recente do governador - com críticas ao STF e defesa do ex-presidente - aproxima-se do extremismo político e compromete a aliança firmada com o Partido dos Trabalhadores.

Diante do novo cenário, o PT de Mato Grosso do Sul convocou uma reunião para a próxima segunda-feira (11), com a presença de seus parlamentares e lideranças regionais, para avaliar a continuidade do partido na base de apoio ao governo estadual.

“Entramos no governo pela porta da frente, e, se precisarmos sair, também será pela porta da frente. Isso acontece quando as diferenças se tornam inconciliáveis”, destacou Vander Loubet.

Ele ainda citou as contribuições do partido à atual gestão, sobretudo nas áreas ligadas à agricultura familiar, e reforçou que o governo federal tem investido em Campo Grande, mesmo sob uma administração municipal de direita. “Hoje, 95% dos investimentos na cidade são do governo Lula”, ressaltou o deputado.

Apesar da tensão com o governo estadual, o parlamentar reforçou o compromisso do PT com os princípios democráticos, a soberania nacional e o combate às desigualdades. “O PT não é dono da verdade, mas vai continuar colocando sua militância e seu programa a serviço da democracia e da justiça social”, disse Vander.

Vale lembrar que mais cedo, durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), o deputado Pedro Kemp e a deputada Gleice Jane, ambos do PT, criticaram as manifestações que acontecem em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Afirmo que a minha definição é a que temos [PT] que sair do Governo imediatamente. Quero lembrar que é necessário fazer um grande debate nesse Estado e continuar nesse Governo não é saudável para a democracia, o País. Porque não é primeira vez que o Governo Riedel se manifesta dessa forma, mais que urgente que o Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras tome essa decisão. Bolsonaro está sendo condenado em prisão domiciliar para garantir que as investigações sejam feitas. Também me admirei com o movimento de domingo em que a bandeira americana esteve acima da brasileira, não podemos ser um país subserviente, temos que ter muita seriedade nesse processo”, ressaltou a parlamentar.

Entenda - Riedel se manifestou nas redes sociais ontem (5) sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro, afirmando que a decisão pode agravar as tensões políticas e jurídicas no Brasil.

Em sua publicação, Riedel destacou que a imposição de restrições aos direitos fundamentais de Bolsonaro, sem um julgamento formal, é um exagero que pode gerar uma escalada na crise política e judicial do país.

Riedel também ressaltou a situação econômica delicada do Brasil, apontando que, neste momento de grandes incertezas, decisões como essa comprometem ainda mais a pacificação política necessária para enfrentar os desafios econômicos. O governador ainda fez um paralelo com a situação do Continente Asiático, citando as dificuldades enfrentadas por Mato Grosso do Sul, com os impactos das medidas americanas e a crise política-institucional vivida pelo Brasil.

"O país precisa urgentemente de normalidade institucional para seguir em frente, sem mais divisões políticas. A responsabilidade agora é de todos nós, para reduzir as tensões e voltar a ter uma postura progressista e de união", afirmou Riedel, destacando a importância de flexibilizar as tensões políticas em vez de intensificá-las.

O governador fez um apelo para que o foco seja direcionado à superação dos problemas econômicos e sociais do Brasil, enfatizando que o momento exige equilíbrio e bom senso. "Que voltem urgente a serenidade e o bom senso!", finaliza.