Antonio Perez | 05 de agosto de 2025 - 18h00

Dólar fecha estável em R$ 5,50 após oscilações e incertezas políticas

A moeda americana teve um leve recuo após ganhos iniciais, influenciada por fatores internos, como a reação de Trump e a postura de Lula sobre tarifas

DÓLAR
Dólar - (Foto: Estadão)

O dólar encerrou a terça-feira, 5, praticamente estável, cotado a R$ 5,5060, após um dia de oscilações contidas, acompanhando a tendência externa da moeda americana. O valor da divisa apresentou uma leve queda de 0,01%, com o mercado reagindo tanto a movimentos no exterior quanto a questões políticas internas, principalmente a tensão envolvendo os Estados Unidos e o Brasil.

O dólar chegou a operar em alta, alcançando R$ 5,5356, mas perdeu força com uma realização de lucros e a redução das tensões após o presidente dos EUA, Donald Trump, não mencionar o Brasil em uma entrevista à CNBC. O movimento refletiu a reação dos investidores a um possível alívio nas expectativas de ações econômicas do governo americano que poderiam afetar negativamente o Brasil.

O real, por sua vez, acumula queda de 1,69% nos primeiros dias de agosto, após alta de 3,07% em julho. No entanto, no ano, a moeda brasileira registra uma desvalorização de 10,91%, o melhor desempenho entre as principais divisas latino-americanas. Marcos Weigt, chefe da Tesouraria do Travelex Bank, comentou que o real tem se comportado relativamente bem, apesar dos “ruídos políticos” e da expectativa em torno da reação de Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro.

“Há uma grande incerteza sobre o que pode acontecer. Se Trump implementar restrições que afetem o fluxo de investimentos ao Brasil, o impacto será significativo. Se nada muito forte ocorrer, o real pode até se valorizar mais, impulsionado pelo diferencial de juros”, afirmou Weigt.

Na política interna, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu às ameaças de tarifas de Trump, dizendo que o Brasil não aceitará taxações impostas de forma unilateral. Lula também destacou que o governo brasileiro já está preparando um plano de contingência para mitigar os efeitos de possíveis tarifas. A postura do presidente foi um dos temas de destaque durante sua fala no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), conhecido como "Conselhão".

Em relação à política monetária, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reafirma que a Selic continuará em 15% por um período mais longo. Analistas do mercado enxergam essa postura como um atrativo para o fluxo de capital estrangeiro, o que ajuda a sustentar o valor do real. Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, apontou que a postura cautelosa do Banco Central pode ser positiva para o Brasil, embora o clima de incerteza continue devido às ameaças de Trump.

Do lado externo, o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a seis moedas fortes, fechou estável, aos 98,774 pontos. A moeda americana também sofreu perdas contra o iene japonês. Dados fracos do mercado de trabalho dos EUA e a revisão para baixo do índice PMI de julho, que recuou para 50,1, aumentaram as expectativas de que o Federal Reserve possa cortar os juros já em setembro, o que afetaria o dólar.