Brasil avalia impacto de tarifas dos EUA e vê risco em 4% das exportações, diz Haddad
Ministro da Fazenda afirma que sobretaxas aplicadas por Trump já afetam parte das exportações brasileiras e pressionam consumidores americanos
MINISTRO DA FAZENDAO ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (4), em entrevista à rádio BandNews, que o governo está atento aos efeitos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, que já atingem uma fatia significativa das exportações brasileiras. Segundo ele, o impacto imediato recai sobre cerca de 4% das vendas externas do Brasil.
“Nós temos 12% das nossas exportações destinadas aos Estados Unidos. Um terço disso, ou seja, 4%, já está sendo afetado por desequilíbrios tarifários”, explicou Haddad, ao apontar que esse volume preocupa mais no curto prazo, diante das mudanças promovidas pela política comercial americana.
Apesar da tensão no comércio exterior, Haddad buscou tranquilizar o setor exportador, especialmente no que diz respeito às commodities, que representam grande parte da pauta brasileira de exportação. Segundo ele, produtos como café, soja e minério ainda podem ser redirecionados a outros mercados.
“A gente pode redirecionar essas commodities. Elas têm um mercado mais flexível”, afirmou, reforçando que o governo acompanha de perto os desdobramentos e busca manter a estabilidade nas vendas externas.
Haddad também chamou atenção para os efeitos internos das tarifas nos Estados Unidos. De acordo com o ministro, as sobretaxas já começam a ser percebidas no bolso do consumidor americano, especialmente no setor alimentício.
“A situação do consumidor de café dos EUA já está sendo sentida com a taxa”, afirmou, indicando que os aumentos de preços, embora ainda restritos a setores específicos, tendem a crescer.
Para ele, o impacto das tarifas é mais perceptível em uma escala microeconômica, mas não deixa de ser relevante. “O impacto é mais micro do que macroeconômico, mas existe”, destacou.
A preocupação do governo brasileiro se intensifica em meio à possibilidade de um retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. O ex-presidente é conhecido por adotar uma postura protecionista nas relações comerciais, o que pode levar a um aumento ainda maior de barreiras às importações.
Nesse contexto, a equipe econômica do Brasil já avalia alternativas para diversificar os mercados de destino das exportações e reduzir a dependência do comércio com os norte-americanos.
“A questão é que está descompensado em relação ao resto do mundo”, explicou Haddad, ao reforçar que os Estados Unidos estão aplicando medidas que não acompanham o comportamento do mercado global.
O governo brasileiro aposta na diversificação de parceiros comerciais como estratégia para enfrentar esse cenário. A ideia é ampliar as exportações para países da Ásia, América Latina e Europa, de forma a reduzir a vulnerabilidade diante de medidas unilaterais adotadas por grandes economias.
Ao mesmo tempo, o Ministério da Fazenda segue em diálogo com representantes do setor privado e com organismos internacionais para avaliar os possíveis impactos e desenvolver respostas rápidas a qualquer mudança mais agressiva no cenário internacional.