Cartilha do CBO orienta sobre cuidados com a saúde ocular de crianças e adolescentes
Publicação aborda desde prevenção a problemas comuns como conjuntivite até dicas sobre o uso de telas e proteção ocular
SAÚDEO Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) lançaram, nesta segunda-feira (4), a cartilha Saúde Ocular na Infância, com orientações para familiares e educadores sobre os cuidados com a visão de crianças e adolescentes. Com o retorno das aulas, o material traz informações essenciais sobre como prevenir e tratar problemas oculares, como conjuntivite e terçol, além de orientações sobre o uso de óculos e até maquiagem infantil.
Dividida em seis seções, a cartilha abrange desde o desenvolvimento visual infantil até as melhores práticas para exames oftalmológicos. O CBO alerta sobre a importância de um acompanhamento regular da saúde ocular e destaca que muitas condições podem ser prevenidas com diagnóstico precoce.
Principais cuidados para os olhos das crianças
A cartilha traz um alerta sobre quadros oculares comuns que podem afetar os olhos das crianças, como a conjuntivite viral e o terçol. A conjuntivite é caracterizada por vermelhidão, coceira e secreção nos olhos, e pode ser aliviada com compressas frias e cuidados com a higiene. Já o terçol, que se manifesta como uma bolinha dolorosa na pálpebra, pode ser tratado com compressas mornas e massagem suave na região.
Além disso, a cartilha aborda a obstrução do canal lacrimal, que afeta principalmente bebês, causando lacrimejamento constante. A recomendação é fazer massagens suaves na região do olho, e, caso o problema persista após o primeiro ano de vida ou apresente complicações, é importante procurar ajuda médica.
Outro ponto abordado pela cartilha é o impacto negativo do uso excessivo de telas, como celulares, computadores e televisores, na saúde ocular das crianças. O CBO recomenda que crianças menores de 2 anos não sejam expostas a telas, e que, a partir dessa idade, o tempo de uso seja limitado a no máximo três horas diárias.
Para minimizar os efeitos do cansaço visual, a cartilha sugere a adoção da regra 20-20-20: a cada 20 minutos de exposição a telas, a criança deve olhar para um ponto distante a cerca de 6 metros por 20 segundos. Além disso, a prática de atividades ao ar livre também é indicada para o desenvolvimento saudável da visão.
A cartilha alerta ainda para o uso de óculos de proteção durante atividades manuais e orienta cuidados no manuseio de objetos cortantes e no armazenamento de produtos químicos fora do alcance das crianças. Para aquelas que já utilizam óculos ou lentes de contato, o acompanhamento médico contínuo é essencial para garantir a adaptação correta e a saúde ocular a longo prazo.
A importância do diagnóstico precoce
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos casos de cegueira infantil poderiam ser evitados com diagnóstico precoce e tratamento adequado. O CBO destaca que problemas de refração, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, são comuns na infância e podem afetar de 1,44% a 18,63% das crianças, dependendo da região e do tipo de alteração visual.
Esses problemas, quando não tratados adequadamente, podem evoluir para condições mais graves, como baixa visão ou até cegueira. O CBO alerta que muitos problemas visuais não apresentam sintomas evidentes no início, o que torna fundamental a atenção de pais e professores para sinais como dificuldade em enxergar a lousa, proximidade excessiva de livros ou telas, e dores de cabeça frequentes.
Marcos visuais para identificar problemas
A cartilha também destaca marcos visuais importantes para acompanhar o desenvolvimento ocular das crianças. Desde o primeiro mês de vida, o bebê já deve ser capaz de fixar o olhar por alguns segundos. Aos 3 meses, ele deve ser capaz de seguir objetos com os olhos, e, aos 9 meses, deve reconhecer rostos familiares e reagir a expressões faciais.
Caso a criança não atinja esses marcos ou apresente sinais como desalinhamento dos olhos ou reflexo esbranquiçado na pupila, é importante procurar um oftalmologista.
Exame oftalmológico é essencial
O CBO recomenda que, mesmo sem sintomas visíveis de problemas oculares, as crianças realizem exames oftalmológicos completos ao menos duas vezes na infância: entre os 6 e 12 meses e entre os 3 e 5 anos. O acompanhamento médico também é fundamental para diagnosticar condições como estrabismo, especialmente se houver desalinhamento constante dos olhos, ou intermitente após os 4-6 meses de idade.