Ex-atleta preso por espancar namorada denuncia agressão dentro de presídio no RN
Igor Cabral, detido após desferir mais de 60 socos na companheira, afirma ter sido agredido por policiais penais; SEAP e Polícia Civil investigam
NACIONALA Secretaria da Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte (SEAP-RN) informou que está apurando uma denúncia feita por Igor Cabral, ex-jogador de basquete preso por tentativa de feminicídio, sobre supostas agressões que teria sofrido enquanto estava sob custódia na Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-Mirim.
De acordo com o órgão, as providências foram tomadas assim que houve conhecimento da queixa apresentada por Cabral. Ele afirma ter sido vítima de violência física por parte de policiais penais que estavam de plantão na unidade. A denúncia será formalizada na Delegacia de Plantão da Polícia Civil, e um exame de corpo de delito será realizado no Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP). A Polícia Civil ficará responsável pela investigação.
A denúncia ocorre poucos dias após a defesa de Igor Cabral solicitar à Justiça que ele fosse mantido em isolamento dentro do presídio. Segundo os advogados, havia risco concreto à integridade física e à vida do detento, especialmente após a repercussão pública do crime.
Igor Cabral foi preso em flagrante no fim de julho, após agredir violentamente a namorada dentro de um elevador, em um condomínio na zona sul de Natal. Imagens das câmeras de segurança mostram o ex-atleta desferindo mais de 60 socos no rosto da jovem durante uma discussão.
O episódio começou quando Cabral, movido por ciúmes, pegou o celular da namorada, leu mensagens, jogou o aparelho na piscina do prédio e subiu ao apartamento para recolher seus pertences. A vítima, temendo ser atacada, pegou outro elevador. Quando chegaram ao mesmo andar, ela preferiu ficar dentro do elevador — onde há câmeras — para tentar se proteger, já que o corredor não possui monitoramento. Foi nesse momento que ele a atacou.
O porteiro do prédio, Manoel Anésio, foi quem chamou a polícia ao perceber a violência das agressões. “Nunca tinha visto esse tipo de coisa. Acho que qualquer um no meu lugar faria a mesma coisa”, declarou.
Cabral foi contido por moradores até a chegada da Polícia Militar, que efetuou a prisão em flagrante.
A mulher agredida sofreu ferimentos graves e precisou ser hospitalizada. Com o rosto muito inchado e sem conseguir falar, ela prestou depoimento à polícia por meio de bilhetes escritos. A gravidade das lesões exigiu uma cirurgia que durou mais de sete horas.
Agora, o caso ganha um novo capítulo com a alegação de agressão dentro da unidade prisional. A SEAP afirmou que não tolera abusos cometidos por servidores e que está colaborando com a investigação da Polícia Civil.
A denúncia será analisada com os mesmos critérios aplicados em qualquer outra apuração, conforme indicou o órgão. A integridade física de presos, mesmo os que respondem por crimes graves, é garantida por lei.
O caso de Igor Cabral segue sendo acompanhado de perto tanto pela Justiça quanto pela sociedade, que reagiu com indignação à brutalidade da agressão sofrida pela vítima. A possível violação de direitos do acusado dentro do sistema prisional também levanta questionamentos sobre a atuação de agentes públicos e os limites da atuação policial dentro das unidades de detenção.