Isadora Duarte | 03 de agosto de 2025 - 16h35

Maioria acredita que Lula virá à reeleição, mas 54% acham que ele deveria desistir, aponta Datafolha

Levantamento também mostra que Alckmin cresce como possível substituto e Michelle Bolsonaro lidera entre os nomes que podem ocupar lugar de Bolsonaro

CENÁRIO ELEITORAL
71% acham que Lula será candidato em 2026, mas 54% dizem que ele deveria desistir, diz Datafolha. - Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (2), indica que 71% dos eleitores acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será candidato à reeleição em 2026, número que vem crescendo desde abril. Por outro lado, 54% afirmam que ele deveria desistir da disputa, enquanto 44% apoiam sua permanência na corrida eleitoral.

O levantamento foi realizado nos dias 29 e 30 de julho, com 2.004 entrevistados em 130 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A percepção de que Lula tentará um novo mandato aumentou gradualmente: era de 62% em abril, passou para 66% em junho e agora atinge 71%. Ao mesmo tempo, caiu o número dos que duvidam de sua candidatura: de 34% em abril para 28% em junho, e 23% na pesquisa atual.

Alckmin ganha força como alternativa

Entre os nomes que poderiam substituir Lula em uma eventual desistência, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) é o que mais cresceu na preferência popular. Ele passou de 18% em junho para 26% em julho. Em contrapartida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), recuou de 37% para 29% no mesmo período.

O crescimento de Alckmin reflete a estratégia do Palácio do Planalto de fortalecê-lo como figura de equilíbrio e diálogo no governo, especialmente em um contexto de instabilidade econômica e tensão institucional com os Estados Unidos após a imposição de tarifas a produtos brasileiros.

Bolsonaro ainda divide o eleitorado, mas rejeição à candidatura é alta

No campo da oposição, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também enfrenta uma avaliação desfavorável quanto à sua permanência na disputa eleitoral. Segundo o Datafolha, 67% dos eleitores acham que ele deveria desistir da candidatura, enquanto apenas 30% acreditam que ele deve disputar novamente o Planalto. O índice é praticamente o mesmo de junho, quando 29% defendiam sua candidatura.

Com Bolsonaro enfrentando restrições judiciais e medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal, outros nomes do campo conservador ganham projeção. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) lidera entre os potenciais substitutos, com 23% das menções, seguida de perto pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que aparece com 21%.

Disputa de narrativas e influência familiar

Tanto no PT quanto no PL, os movimentos de bastidores para 2026 já começaram. Enquanto Lula se mantém no centro do debate nacional e busca consolidar os avanços de seu governo, aliados próximos sugerem cautela quanto à sua saúde e à viabilidade de um novo mandato. O próprio presidente já declarou que só se candidatará novamente se estiver com “100% de saúde”.

No campo bolsonarista, a atuação da ex-primeira-dama Michelle, que tem participado de eventos públicos e manifestado apoio a pautas da base conservadora, pode indicar uma transição de protagonismo dentro da família Bolsonaro. Ao mesmo tempo, Tarcísio tem sido constantemente citado como nome viável, por representar continuidade ideológica sem as fragilidades jurídicas de Bolsonaro.