Alessandra Monnerat | 02 de agosto de 2025 - 14h50

México amplia compra de carne bovina brasileira em 420% após restrições dos EUA

Com tarifa extra imposta por Trump, exportações para os Estados Unidos despencam; China e México se consolidam como principais destinos

ECONOMIA
Exportações de carne bovina para o México crescem 420% - (Foto: Clayton de Souza/Estadão)

Com a redução das exportações de carne bovina brasileira para os Estados Unidos, o México tem ganhado destaque como novo mercado de destino. Entre janeiro e junho deste ano, o volume exportado ao país cresceu 420%, passando de 3,1 mil para 16,1 mil toneladas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

O crescimento ocorre em meio à imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos. No dia 30 de junho, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa extra de 50% sobre a carne bovina brasileira, o que afetou diretamente os embarques para o país. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), desde a medida, 30 mil toneladas que seriam enviadas aos EUA ficaram retidas.

Segundo os produtores, o novo imposto torna a comercialização com o mercado americano inviável. Mesmo antes da tarifa extra, o setor já vinha sentindo os impactos da política protecionista iniciada em abril, quando os EUA elevaram a taxa de importação da carne brasileira para 10%.

Apesar das dificuldades com os Estados Unidos, as exportações gerais de carne bovina brasileira continuam crescendo. Em junho, o país exportou 241 mil toneladas, o equivalente a US$ 1,3 bilhão em receitas. Os dados são do MDIC.

As estatísticas preliminares de julho também indicam um cenário positivo: houve um aumento de 56,5% nas exportações de carne em relação a julho de 2024. O produto foi um dos principais responsáveis por um avanço de 3% nas exportações totais do Brasil no mês.

China lidera, México avança

A China segue como principal compradora da carne bovina brasileira, respondendo por quase metade das exportações. Somente em junho, foram 134,4 mil toneladas, equivalentes a US$ 739,9 milhões. Em comparação com janeiro, o crescimento foi de 64%.

Já o México, que antes ocupava uma posição modesta nas exportações do setor, passou a figurar entre os mercados em expansão. O valor das vendas ao país subiu de US$ 15,5 milhões em janeiro para US$ 89,3 milhões em junho, refletindo o aumento expressivo no volume comercializado.

Exportações para os EUA 

A retração no mercado americano é significativa. Em abril, antes da nova tarifa anunciada por Trump, as exportações para os Estados Unidos atingiram 44,1 mil toneladas, somando US$ 229 milhões, o maior volume do ano.

Dois meses depois, em junho, os embarques caíram para 13,4 mil toneladas, com valor de US$ 75,3 milhões. A queda no período representa uma redução de 67% nas exportações brasileiras para o mercado norte-americano.