Maria Edite Vendas | 02 de agosto de 2025 - 08h03

Programa MS Estado Saudável estreia em Inocência com modelo de resposta integrada para municípios

Ação piloto fortalece rede de saúde local e serve como referência para cidades de Mato Grosso do Sul que enfrentam crescimento acelerado

MS ESTADO SAUDÁVEL
Trabalho desenvolvido por equipes técnicas da SES testou novo formato de resposta para apoiar municípios impactados por grandes empreendimentos e crescimento acelerado - (Foto: GPM Arauco)

Em meio ao avanço de grandes empreendimentos no setor de papel e celulose, o município de Inocência (MS) foi o primeiro a receber a ação piloto do MS Estado Saudável, programa desenvolvido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). A iniciativa foi testada entre os dias 22 e 26 de julho com o objetivo de criar um modelo de intervenção rápida e estruturada voltado a cidades que enfrentam transformações sociais e econômicas em ritmo acelerado.

Durante uma semana, equipes técnicas da SES atuaram de forma transversal, realizando diagnósticos situacionais, escutas qualificadas e ações práticas em diversas frentes da saúde pública local. A proposta incluiu atividades de vigilância em saúde, capacitações, visitas técnicas, reorganização de fluxos, revisão de indicadores, ações educativas e orientações específicas para a saúde do trabalhador, grupo especialmente impactado pelo crescimento do setor produtivo regional.

Para o secretário municipal de Saúde de Inocência, Cristhiano Leal Araújo, a ação foi um divisor de águas. “A presença do Estado demonstrou que não estamos sozinhos na luta por uma saúde mais digna e eficiente. Saímos dessa ação mais fortalecidos, mais preparados e mais confiantes para enfrentar os desafios do presente e construir soluções para o futuro”, afirmou.

A grande marca da ação em Inocência foi a abordagem participativa. Os técnicos estaduais atuaram em conjunto com a gestão municipal, promovendo escutas com diferentes setores da saúde, da atenção primária à vigilância epidemiológica, e orientando o redesenho de rotinas, protocolos e fluxos assistenciais.

“Houve investigação de agravos, análise de indicadores, revisão de fluxos e orientações práticas, tudo com o objetivo de fortalecer a estrutura da saúde no município”, recorda o secretário municipal de Saúde.

A ação em Inocência foi planejada com caráter estratégico e replicável, segundo a assessora de projetos da SES e coordenadora estadual do programa, Danielle Ahad das Neves. “A primeira experiência mostrou na prática o quanto é possível contribuir com a estruturação dos municípios. Vamos estabelecer um calendário para atuação em outras localidades, como Bataguassu, que também vivenciam contextos de expansão”, revelou.

Cidades como Inocência, que hoje vivem o impacto de grandes empreendimentos industriais e agroflorestais, enfrentam uma pressão crescente sobre os serviços públicos. Para a coordenadora, esse é o perfil de município que demanda ações rápidas, intersetoriais e sustentáveis, algo que o MS Estado Saudável começa a desenhar com consistência.

A proposta é consolidar o programa como instrumento de apoio técnico e político, levando inovação, planejamento e capacidade de resposta a territórios em constante transformação.

O próximo ciclo do MS Estado Saudável deverá priorizar municípios que já apresentaram sinais de sobrecarga nos serviços de saúde por conta de mudanças econômicas e demográficas. Além da expansão territorial, o plano é especializar ainda mais o conteúdo de cada missão, conforme as demandas do local atendido.

“Podemos, por exemplo, ter frentes específicas para fortalecer a Atenção Primária, Saúde Mental, Vigilância Ambiental ou Regulação, dependendo das necessidades mapeadas no território”, explicou Danielle.

A sistematização dos resultados obtidos em Inocência já está em andamento. A SES pretende usar os dados para propor um protocolo oficial de replicação, com diretrizes e metodologias ajustadas para diferentes perfis de municípios.

O sucesso da ação piloto também se deve à articulação de diferentes setores da gestão pública estadual. O programa envolveu vigilância sanitária, epidemiologia, atenção primária, promoção da saúde, planejamento, regulação e gestão administrativa, o que garantiu um olhar multidimensional sobre o território.

Para a secretária-adjunta de Saúde do Estado, Crhistinne Maymone, o maior legado deixado pela ação é a capacidade de antecipação e planejamento. “O projeto MS Estado Saudável, nesse formato testado e aprovado, consolida-se como um instrumento inovador, que vai muito além de respostas pontuais. Ele ajuda a construir caminhos, e deixa um compromisso renovado com uma saúde pública de qualidade, integrada, territorializada e resolutiva”, declarou.

Outro destaque da ação foi o olhar específico para os trabalhadores impactados diretamente por grandes empreendimentos. Em regiões com expansão industrial acelerada, as condições de trabalho e os riscos ocupacionais se tornam mais complexos, exigindo vigilância ativa, campanhas educativas e monitoramento constante.

As orientações práticas oferecidas pela equipe técnica da SES incluíram ações voltadas à saúde ocupacional, organização de fluxos de atendimento, e alinhamento de práticas com a rede estadual de proteção e assistência.

Além de Bataguassu, outros municípios que podem ser contemplados nas próximas fases do MS Estado Saudável incluem regiões com potencial de crescimento industrial, agropecuário e logístico. A equipe de planejamento da SES trabalha com cruzamento de dados populacionais, ambientais e econômicos para priorizar os locais com maior necessidade de intervenção.

Cada nova edição do programa deverá considerar o histórico de saúde local, os serviços disponíveis e os gargalos já identificados, promovendo ações personalizadas, sustentáveis e com foco em resultados concretos.