Arícia Martins | 01 de agosto de 2025 - 19h30

Expectativa de recessão nos EUA impacta taxas de juros no Brasil e pode acelerar corte pelo Fed

Dados fracos de emprego nos EUA reforçam temores de recessão, aliviando a curva de juros no Brasil e aumentando chances de corte da taxa pelo Federal Reserve

ECONOMIA
Expectativa de recessão nos EUA impacta taxas de juros no Brasil e pode acelerar corte pelo Fed - (Foto: Marcello Casal Júnior/Agência Brasil)

Os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, divulgados nesta sexta-feira (1º), trouxeram de volta a possibilidade de uma recessão, o que afetou diretamente o mercado financeiro. O relatório de emprego mostrou que a economia americana criou apenas 73 mil vagas em julho, um número muito abaixo das expectativas. Esse dado, aliado à revisão para baixo das vagas dos meses anteriores, ajudou a reduzir as taxas dos Treasuries e gerou alívio na curva de juros brasileira, sugerindo um possível ciclo de flexibilização da taxa de juros pelo Banco Central (Copom).

No fechamento da sessão, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) registraram queda. O DI de janeiro de 2026 caiu para 14,91%, de 14,923%, enquanto o DI de janeiro de 2027 passou de 14,348% para 14,21%. As taxas dos contratos mais longos também diminuíram, refletindo o impacto das expectativas sobre os cortes de juros nos Estados Unidos.

O mercado agora vê uma maior probabilidade de que o Federal Reserve (Fed) inicie um ciclo de cortes de juros já em setembro, o que pode influenciar diretamente a política monetária brasileira. A equipe econômica da Buysidebrazil passou a projetar dois cortes de juros pelo Fed até o final de 2025, em setembro e dezembro, ao contrário da previsão anterior, que era de apenas um corte.

Porém, especialistas alertam para os desafios fiscais que o Brasil enfrenta, com uma política econômica expansionista à medida que as eleições se aproximam. Mesmo com medidas de apoio a setores afetados pelo aumento das tarifas, como o tarifaço, a expectativa é de que o governo brasileiro possa pressionar as contas públicas. Rafael Sueishi, da Manchester Investimentos, observa que, apesar disso, a queda nas taxas observada nesta sexta-feira foi significativa e impactou os mercados locais.

Enquanto isso, a economia brasileira também apresenta sinais de desaceleração. A produção industrial de junho teve um crescimento de apenas 0,1%, abaixo da previsão de 0,3%, e o Índice de Confiança Empresarial (ICE) da FGV também caiu para 91,3 pontos, o menor nível desde outubro de 2023. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) também recuou, indicando uma leve desaceleração na atividade.