Manifestantes queimam bandeira dos EUA e boneco de Trump em embaixada
Manifestantes exigem proteção da soberania nacional e denunciam interferências externas; pautas como taxação dos super-ricos e direitos trabalhistas também foram debatidas
PROTESTO CONTRA O TARIFAÇOProtestos em 11 cidades do Brasil contra medidas dos EUA e sanções a Alexandre de Moraes
Manifestações em defesa da soberania nacional e contra as medidas econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil marcaram o dia 1º de agosto em diversas cidades brasileiras. Atos foram realizados em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Salvador e outras capitais, com forte presença de movimentos sindicais, estudantis e partidos de esquerda.
Em Brasília, cerca de 100 manifestantes se reuniram em frente à Embaixada dos EUA, queimando uma bandeira americana e um boneco do ex-presidente Donald Trump, em um ato simbólico de protesto contra o "tarifaço" e as sanções impostas ao Brasil. Os manifestantes levaram faixas com mensagens como “Fora, ianques” e “Em defesa da soberania nacional”, destacando a rejeição à intervenção de países estrangeiros nos assuntos internos do Brasil.
Protestos em São Paulo: "O Brasil não vai se submeter a chantagens"
Na capital paulista, o ato foi convocado por centrais sindicais e reuniu movimentos juvenis e estudantis. O líder sindical da CUT, Douglas Izzo, afirmou que o objetivo do protesto era deixar claro aos EUA que o Brasil não se submeterá a chantagens econômicas. "Também estamos denunciando a atuação da família Bolsonaro, que, junto aos EUA, trabalha contra os interesses dos brasileiros", disse Izzo.
O diretor do PSTU, Cláudio Donizete dos Reis, também se pronunciou, afirmando que as manifestações visam repudiar o tarifaço e criminalizar as ações do bolsonarismo, que ele considera uma "traição à pátria". "A taxação imposta por Trump afeta diretamente os trabalhadores e precisamos que o governo Lula tome uma postura firme em defesa da soberania", afirmou Donizete. A pauta dos direitos trabalhistas, como a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e a luta pela redução da jornada de trabalho, também foi destacada pelos manifestantes.
A defesa da soberania nacional e as ações contra a extrema-direita
Em Brasília, o estudante Matheus das Neves, tesoureiro da União Nacional dos Estudantes (UNE), lembrou o papel crucial dos movimentos sociais no enfrentamento da "retaliação" dos EUA. Segundo ele, as intervenções externas buscam enfraquecer a autonomia dos países do Sul Global, especialmente o Brasil, e a resposta deve ser uma resistência organizada.
"O papel dos movimentos sociais, nesse período, é denunciar essas tentativas de intervenção externa e defender nossa autodeterminação", disse Matheus das Neves à Agência Brasil.
Outras pautas em debate
Além da taxação dos EUA, os manifestantes também defenderam outras causas, como a taxação dos super-ricos, a isenção de impostos para trabalhadores de menor renda e o fim da escala de trabalho 6x1, além da oposição ao PL que flexibiliza o licenciamento ambiental, denominado de PL da Devastação pelos manifestantes.
Em diversas manifestações, também se levantou a bandeira da defesa do Estado Palestino e o fim das relações comerciais e diplomáticas com Israel, como parte de uma crítica às alianças diplomáticas do Brasil com o governo israelense.