Sete deputados perdem mandatos e são substituídos por novos parlamentares após decisão do STF
Mudança na regra das "sobras eleitorais" afeta principalmente a bancada do Amapá, com repercussões em outras regiões do Brasil
CÂMARA DOS DEPUTADOSSete deputados perdem mandatos na Câmara dos Deputados após decisão do STF
A Câmara dos Deputados passou por uma reconfiguração importante nesta quarta-feira, 30 de agosto, quando sete parlamentares perderam seus mandatos, abrindo espaço para outros sete deputados que haviam concorrido nas eleições de 2022. A decisão, publicada no Diário Oficial da Casa, foi motivada por uma nova interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a regra das "sobras eleitorais" e afetou principalmente a bancada do Amapá, com a renovação de metade das cadeiras dessa região. Também sofreram alterações as bancadas do Distrito Federal, Rondônia e Tocantins.
A perda dos mandatos ocorre em decorrência de uma decisão do STF que alterou a forma de distribuição das "sobras eleitorais", aquelas vagas remanescentes que são preenchidas com os candidatos que receberam votos, mas não tinham sido eleitos de forma direta. A mudança retroativa afetou os deputados que haviam assumido com base na regra anterior, agora considerada inválida.
Perda dos mandatos e convocação de novos deputados
Os deputados que perderam os mandatos são:
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Gilvan Máximo (Republicanos-DF)
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Augusto Puppio (MDB-AP)
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Lebrão (União-RO)
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Lázaro Botelho (PP-TO)
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Professora Goreth (PDT-AP)
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Silvia Waiãpi (PL-AP)
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Sonize Barbosa (PL-AP)
Já os novos deputados convocados para tomar posse são:
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Professora Marcivânia (PCdoB-AP)
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Paulo Lemos (PSOL-AP)
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André Abdon (Progressistas-AP)
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Aline Gurgel (Republicanos-AP)
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Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
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Rafael Fera (Podemos-RO)
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Tiago Dimas (Podemos-TO)
Os primeiros a tomar posse, nesta quinta-feira, 31 de agosto, foram Rodrigo Rollemberg, Tiago Dimas e Rafael Fera. Os outros deputados têm até 30 dias, a partir da convocação, para formalizar a posse.
Repercussões no cenário político
A decisão do STF e a mudança nas regras das "sobras eleitorais" geraram um impacto significativo, especialmente entre os partidos afetados. O PL foi o partido mais prejudicado, perdendo duas cadeiras, enquanto o MDB, União Brasil e PDT perderam uma cadeira cada. Republicanos e Progressistas perderam uma cadeira e ganharam outra, mantendo suas bancadas estáveis. O grande beneficiado foi o PCdoB, que ganhou um deputado, assim como o PSOL, PSB e o Podemos, que viu seu número de parlamentares aumentar, com dois novos deputados na Casa.
O questionamento que levou a essa decisão foi feito por partidos como Rede, PSB e Podemos, que alegaram que a regra antiga prejudicava partidos menores, diminuindo o pluralismo político.
Protestos e reações aos impactos da decisão
A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP), conhecida como a "indígena do Bolsonaro", foi uma das mais enfáticas em protestar contra a decisão do STF. Em suas redes sociais, ela afirmou que a perda de seu mandato representa um "ataque contra o povo do Amapá" e criticou o STF por tentar "silenciar uma mulher no Norte".
O deputado Gilvan Máximo, outro parlamentar afetado, também reagiu fortemente, dizendo que "não aceitará a decisão calado" e que a perda de seu mandato é um "dia de luto para a democracia brasileira". A reação de ambos reflete o descontentamento com a mudança que impacta diretamente os parlamentares e suas bases eleitorais.
A decisão do STF sobre as "sobras eleitorais"
Em fevereiro de 2024, o STF considerou inconstitucional uma mudança na regra das "sobras" aprovada pelo Congresso em 2021, a qual foi aplicada nas eleições de 2022. A Corte determinou que a decisão retroativa afetaria as eleições de 2022, resultando na perda de mandatos dos deputados eleitos com base na regra anterior. A norma anterior determinava que as vagas das "sobras" só poderiam ser ocupadas por partidos com pelo menos 80% do quociente eleitoral, e por candidatos que tivessem recebido votos em número igual ou superior a 20% desse quociente.