'Agosto Lilás' começa com dor: mulher é morta a facadas pelo ex em Ribas do Rio Pardo
Cinira de Brito foi assassinada dentro de casa pelo ex-marido na véspera do mês de combate à violência contra a mulher em MS, que já soma 20 feminicídios em 2025
20º FEMINICÍDIONa véspera do início do Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização sobre a violência contra a mulher, Mato Grosso do Sul registrou mais um caso brutal de feminicídio. Cinira de Brito, 44, foi morta a facadas dentro de casa na tarde desta quinta-feira (31), no bairro Centro Velho, em Ribas do Rio Pardo, a cerca de 86 quilômetros de Campo Grande. O principal suspeito do crime é o ex-marido da vítima, que teria invadido o imóvel e desferido pelo menos cinco golpes com uma faca.
De acordo com informações repassadas pelas autoridades locais, a Polícia Militar foi acionada logo após o crime, e uma equipe da Polícia Civil se dirigiu ao local para investigar o caso. Segundo o delegado Felipe Braga, que acompanha a ocorrência, Cinira havia se separado recentemente do agressor. Após o assassinato, o homem tentou tirar a própria vida, supostamente ingerindo veneno e provocando cortes no próprio corpo.
Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, em razão da gravidade do estado de saúde, foi transferido em vaga zero para um hospital em Campo Grande.
Cinira, segundo relatos de moradores, era professora no município. Sua morte engrossa uma estatística alarmante: ela é a 20ª vítima de feminicídio registrada em Mato Grosso do Sul em 2025, o que expõe uma realidade preocupante no estado.
A morte de Cinira ocorre menos de uma semana após o assassinato de Juliete Vieira, de 35 anos, que foi morta pelo próprio irmão, em Naviraí. Assim como no caso de Cinira, a motivação teve origem em conflitos familiares e resultou em uma morte violenta. Juliete foi atingida por uma facada no pescoço.
Com os dois casos, Mato Grosso do Sul atinge, no fechamento de julho, a marca de 20 mulheres assassinadas por razões de gênero em 2025. Os casos revelam uma constante trágica que vem atravessando os meses e os municípios sul-mato-grossenses.
A lista de vítimas em 2025
- Karina Corim – Caarapó (4 de fevereiro)
- Vanessa Ricarte – Campo Grande (12 de fevereiro)
- Juliana Domingues – Dourados (18 de fevereiro)
- Mirielle dos Santos – Água Clara (22 de fevereiro)
- Emiliana Mendes – Juti (24 de fevereiro)
- Gisele Cristina Oliskowiski – Campo Grande (1º de março)
- Alessandra da Silva Arruda – Nioaque (29 de março)
- Ivone Barbosa – Sidrolândia (17 de abril)
- Thácia Paula – Cassilândia (11 de maio)
- Simone da Silva – Itaquiraí (14 de maio)
- Olizandra Vera Cano – Coronel Sapucaí (23 de maio)
- Graciane de Sousa Silva – Angélica (25 de maio)
- Vanessa Eugênio Medeiros – Campo Grande (28 de maio)
- Sophie Eugenia Borges (filha de Vanessa) – Campo Grande (28 de maio)
- Eliana Guanes – Corumbá (6 de junho)
- Doralice da Silva – Maracaju (20 de junho)
- Rose – Costa Rica (27 de junho)
- Michely Rios Midon Orue – Glória de Dourados (3 de julho)
- Juliete Vieira – Naviraí (25 de julho)
- Cinira de Brito – Ribas do Rio Pardo (31 de julho)
O mês de agosto marca a campanha nacional Agosto Lilás, criada para fortalecer o debate sobre os direitos das mulheres e as medidas de combate à violência doméstica e familiar. No entanto, a chegada do mês em Mato Grosso do Sul é marcada pela tragédia e pelo reforço da necessidade de ações mais contundentes.
A morte de Cinira simboliza o que muitas mulheres ainda vivem diariamente: o medo dentro de casa e o risco de serem mortas por pessoas com quem já mantiveram uma relação afetiva. Em muitos dos casos listados, os agressores são maridos, ex-maridos, namorados ou mesmo familiares próximos, como irmãos ou pais.
Onde procurar ajuda
Para mulheres em situação de risco, em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira funciona 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana. O atendimento é feito na Rua Brasília, s/n, no bairro Jardim Imá. O local oferece suporte psicológico, jurídico e abrigo emergencial.
- Central de Atendimento à Mulher: 180 (gratuito e anônimo)
- Polícia Militar: 190
- Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher