Redação, O Estado de S. Paulo | 30 de julho de 2025 - 17h20

Tarifaço de Trump exclui laranja, celulose e Embraer, mas atinge café e carnes

Medida inclui 694 exceções a produtos brasileiros, mas tarifas afetam café e carnes, enquanto críticas políticas são dirigidas a Bolsonaro, Moraes e à regulação das redes sociais no Brasil

TARIFAÇO
Donald Trump assina decreto com tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, mas inclui exceções para alguns itens importantes. O decreto também critica o governo brasileiro e Alexandre de Moraes, acusando violação dos direitos humanos - (Foto: Jacquelyn Martin/AP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira, 30, uma Ordem Executiva que oficializa a imposição de tarifas de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil. A medida, que entra em vigor na próxima semana, inclui uma tarifa adicional de 40%, somando-se à tarifa de 10% já existente, totalizando 50%. No entanto, a lista de exceções à tarifa trouxe alívio, já que produtos importantes para a balança comercial brasileira, como suco de laranja, celulose e aviões da Embraer, ficaram de fora da taxação. No total, 694 produtos foram isentos.

Impacto das tarifas: café e carnes afetados

Entre os produtos que continuarão sendo afetados pela tarifa extra estão o café e as carnes, que terão a tarifa aumentada para 50%. A medida gerou grande preocupação no Brasil, mas o governo brasileiro foi poupado de tarifas em alguns dos produtos mais significativos para suas exportações, o que foi visto como um alívio diante do que poderia ser um impacto mais severo para a economia do país.

Tom político do decreto e críticas ao Brasil

O decreto assinado por Trump, no entanto, não se limitou a aspectos econômicos. A ordem executiva também traz uma crítica severa ao governo brasileiro, especialmente ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Trump acusou o governo brasileiro de violar os direitos humanos, com foco na perseguição a opositores políticos e empresas americanas, além de alegar uma tentativa de subversão do Estado de Direito no Brasil.

"A Ordem considera que a perseguição, intimidação, assédio, censura e processos politicamente motivados pelo governo do Brasil contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil", afirmou o texto da Casa Branca.

Críticas à regulação das redes sociais e ao STF

Além das críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Ordem Executiva menciona a regulação das redes sociais no Brasil, acusando o governo de coagir empresas americanas a censurar discursos políticos, remover usuários e entregar dados sensíveis, sob ameaça de multas e processos criminais. Trump afirmou que essas medidas prejudicam não só as empresas americanas, mas também a política dos EUA de promover eleições livres e justas, além de proteger os direitos humanos.

A Ordem Executiva também dedica um trecho ao ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de abusar de sua autoridade judicial para "ameaçar, atingir e intimidar" opositores políticos e "suprimir dissidências". O decreto menciona ações como a imposição de multas a empresas americanas que não cumpriram suas ordens de censura e o congelamento de ativos de empresas que se recusaram a seguir suas ordens.

Tensão nas relações Brasil-EUA

A imposição de tarifas e as críticas políticas indicam uma escalada nas tensões entre o Brasil e os Estados Unidos. Enquanto a economia brasileira enfrenta desafios com as novas tarifas, o governo brasileiro busca defender sua soberania e as decisões do STF. A disputa também levanta questões sobre a liberdade de expressão e a relação entre empresas americanas e o governo brasileiro.