Redação O Estado de S. Paulo | 28 de julho de 2025 - 18h00

Programa Acredita Exportação é sancionado por Lula para apoiar e ampliar pequenos negócios

Com o novo programa Acredita Exportação, MPEs receberão até 3% das receitas externas de volta, via compensação ou reembolso

PROGRAMA ACREDITA EXPORTAÇÃO
Lula na inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu. em São João da Barra (RJ), nesta segunda-feira, 28 - (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A partir de 1º de agosto, micro e pequenas empresas brasileiras que atuam no mercado internacional terão um reforço importante para aumentar sua competitividade: começa a valer o programa Acredita Exportação, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nova política vai devolver parte dos tributos federais pagos por essas empresas ao longo da cadeia produtiva.

O benefício será equivalente a 3% da receita com exportações e poderá ser obtido por compensação tributária ou reembolso direto. A medida foi oficializada com a sanção do projeto de lei complementar nº 167/2024, acompanhada de decreto que regulamenta a aplicação do programa.

Além de reduzir custos, o Acredita Exportação também antecipa efeitos práticos da reforma tributária, prevista para entrar em vigor em 2027, com a criação da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS).

"É mais um impulso importante para aumentar a competitividade e ampliar a base de empresas exportadoras brasileiras", afirmou o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

O novo programa tem como foco as micro e pequenas empresas, que, em 2024, somaram 11,5 mil exportadoras – cerca de 40% do total no país. Essas companhias movimentaram US$ 2,6 bilhões em vendas internacionais, mas enfrentavam obstáculos para competir devido à estrutura tributária vigente.

Historicamente, empresas optantes pelo Simples Nacional não podiam recuperar tributos pagos em fases anteriores da produção. Agora, com a nova legislação, aproximadamente 50% das MPEs exportadoras terão acesso à devolução dos valores pagos, o que corrige uma distorção que prejudicava diretamente sua competitividade.

"O Acredita Exportação visa corrigir distorções do sistema tributário atual que penalizam os pequenos exportadores", reforçou Alckmin. "Com a devolução dos resíduos tributários, essas empresas – que exportam produtos como móveis, calçados e vestuário – ganham fôlego para competir em igualdade de condições no mercado global".

Como solicitar o ressarcimento

Para ter acesso ao benefício, as micro e pequenas empresas exportadoras precisam acessar o sistema da Receita Federal e seguir os critérios estabelecidos nos artigos 57 e 58 da Instrução Normativa nº 2.055, de 6 de dezembro de 2021.

Um decreto presidencial adicional será publicado nos próximos dias para detalhar as regras e garantir clareza na aplicação da nova política.

A devolução dos tributos será válida até 2027, quando a cumulatividade de impostos nas exportações será eliminada com a implementação da CBS, conforme prevê a reforma tributária.

Outra novidade do pacote é o aprimoramento dos regimes especiais de exportação Drawback Suspensão e Recof, que permitem importar ou adquirir insumos sem o pagamento de tributos, desde que usados na produção de itens destinados ao exterior.

Agora, esses benefícios serão ampliados para incluir serviços essenciais à exportação, como transporte, seguro, armazenagem e despacho aduaneiro. Com isso, será possível suspender a cobrança de PIS/Pasep e Cofins sobre esses serviços, reduzindo os custos operacionais das empresas.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os serviços correspondem a cerca de 40% do valor agregado nas exportações de manufaturados brasileiros.

Em 2024, o regime de Drawback Suspensão foi utilizado por 1,9 mil empresas, que exportaram um total de US$ 69 bilhões, o equivalente a 20% das vendas externas do país.

Para essas empresas, as novas regras sobre serviços entram em vigor imediatamente, com a inclusão das informações nos atos concessórios da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Mdic. Já no caso do Recof, a inclusão dos serviços será permitida a partir de 2026, após publicação de regulamentação específica pela Receita Federal.

O Acredita Exportação é resultado de uma ação coordenada entre os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Memp).