Quem foi Jonir Figueiredo, artista que transformou o Pantanal em arte
Jonir pintou o Pantanal por 50 anos. Morreu dormindo, um dia depois de abrir um festival de cinema no MS
LUTONa noite de sexta-feira, 25 de julho, Jonir Figueiredo estava sorrindo. Assistia à abertura de um festival de cinema em Bonito (MS). Cumprimentou amigos, conversou com colegas e participou do evento como sempre fez: com calma, atenção e presença.
Horas depois, morreu enquanto dormia.
Jonir tinha 71 anos. Passou mais de cinco décadas pintando, desenhando e criando. Quase tudo o que produziu falava de um só lugar: o Pantanal, onde nasceu e viveu.
Nasceu em Corumbá (MS). Desde jovem gostava de desenhar. Estudou arte em São Paulo, mas foi mesmo em Mato Grosso do Sul que encontrou seu tema: os animais, as paisagens, as histórias e os povos do Pantanal.
Ele pintava aves, jacarés, mandalas, peixes, figuras em silhueta. Usava cores fortes. Seus quadros misturavam beleza com alerta. Mostravam a natureza, mas também falavam dos perigos que ela sofre com o tempo.
Jonir também foi professor, ativista cultural e líder de classe. Criou movimentos, ajudou outros artistas e presidiu a Associação de Artistas Plásticos do estado por vários anos.
Mesmo com exposições no Japão, Estados Unidos e até na ONU, Jonir sempre voltou para casa. Gostava de ensinar, fazer oficinas com crianças, expor em centros culturais pequenos e conversar com quem quisesse aprender.
No ano de 2022, ele completou 50 anos de carreira com um livro e uma exposição em Paris. Era conhecido fora do país, mas sempre quis que sua arte fosse vista primeiro por quem vivia no lugar que ele retratava.
Jonir morreu como viveu: com a arte por perto, entre amigos e rodeado pela natureza. Suas obras continuam contando a história de onde veio, de quem era e do que acreditava.