28 de julho de 2025 - 15h40

Conservadorismo recua no Brasil, mas temas ligados à segurança ainda dominam opinião pública

Pesquisa aponta queda no apoio a pautas de costumes, mas revela forte respaldo a prisão perpétua e redução da maioridade penal

LEVANTAMENTO

Uma nova pesquisa divulgada nesta segunda-feira (28) pelos institutos Ipsos e Ipec revela que o conservadorismo segue como traço predominante na sociedade brasileira, embora tenha registrado leve recuo em pautas relacionadas a costumes. Ao mesmo tempo, medidas mais rígidas na área de segurança pública continuam com ampla aceitação entre a população.

De acordo com o levantamento, 49% dos brasileiros mantêm um perfil altamente conservador, enquanto 44% se posicionam no grupo intermediário e apenas 8% se identificam com valores considerados progressistas. O chamado Índice de Conservadorismo Brasileiro, que vai de 0 (mais progressista) a 1 (mais conservador), atingiu 0,652 em 2025, contra 0,665 em 2023. Ainda assim, o nível atual está acima dos patamares observados em 2021 e 2022.

O recuo no índice foi puxado especialmente por mulheres, pessoas com 60 anos ou mais, moradores das regiões Norte e Centro-Oeste, além de grupos com menor escolaridade e renda familiar baixa.

Mesmo com o leve avanço de pautas mais progressistas em algumas áreas, os dados mostram que propostas de endurecimento penal seguem populares entre os brasileiros. Para 72% dos entrevistados, a prisão perpétua deveria ser aplicada em casos de crimes hediondos.

Apenas 21% se posicionaram contra. A redução da maioridade penal também continua com forte respaldo: 65% apoiam a mudança, enquanto 28% são contrários.

Diretos LGBTQIA+ e aborto enfrentam resistência
Na contramão da tendência de queda no conservadorismo, a aceitação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo caiu de 44% para 36% em 2025, marcando o nível mais baixo da série histórica recente. Ao mesmo tempo, a rejeição ao direito subiu para 47%, revertendo o aumento gradual de apoio observado nos anos anteriores.

Já a legalização do aborto permanece sendo amplamente rejeitada pela maioria dos brasileiros. Três em cada quatro pessoas (75%) são contrárias à prática, número que se manteve estável nas últimas edições do estudo.

Armas e pena de morte dividem opiniões
A pena de morte voltou a ser rejeitada pela maioria da população, com 49% se posicionando contra, frente a 43% favoráveis. A posse de armas por cidadãos comuns também continua sendo vista com desconfiança: 61% são contra o porte, enquanto 54% se opõem à flexibilização da posse.

A pesquisa reflete um cenário social ainda dominado por valores conservadores, mas com sinais de oscilação em temas sensíveis, especialmente entre grupos mais vulneráveis e regiões específicas do país. O estudo, ao detalhar essas nuances, oferece um retrato atualizado das divisões ideológicas que marcam o debate público brasileiro.