Juliano Galisi | 28 de julho de 2025 - 09h06

STF inicia interrogatórios de militares acusados de planejar golpe de Estado

Entre os réus do núcleo 3 estão coronéis e um general das Forças Especiais, além de um agente da PF acusado de repassar informações estratégicas

POLÍTICA
STF ouve réus do núcleo 3 da trama golpista - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta segunda-feira (28) os interrogatórios de acusados no núcleo 3 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Entre os réus estão oficiais das Forças Especiais do Exército, conhecidos como "kids pretos", e um agente da Polícia Federal.

Segundo a denúncia, o grupo teria planejado sequestros e assassinatos de autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Réus que serão ouvidos pelo STF:

Os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo são apontados como participantes da operação chamada "Punhal Verde e Amarelo", que teria como alvo a execução de Moraes, Lula e Alckmin. O grupo também teria articulado a chamada "Operação Copa 2022", que visava o sequestro do ministro Alexandre de Moraes plano que chegou a ser iniciado, mas foi abortado.

O general Estevam Theophilo, segundo delação do tenente-coronel Mauro Cid, teria se comprometido a obedecer a um decreto de ruptura institucional, colocando as tropas das Forças Especiais à disposição do golpe.

O coronel Fabrício Bastos, então atuante no Centro de Inteligência do Exército, teria sido o responsável por mobilizar militares dispostos a participar do golpe e por redigir uma carta aberta para angariar apoio entre oficiais.

Já o agente da PF Wladimir Matos Soares é acusado de atuar como informante do grupo, repassando dados estratégicos sobre a posse presidencial e movimentações do novo governo.

Segundo a PGR, coronéis como Sérgio Cavaliere, Ronald Ferreira de Araújo Júnior e Bernardo Corrêa Netto teriam incitado colegas militares a aderirem ao golpe, promovendo ataques verbais contra comandantes que se opunham à tentativa de ruptura.

As investigações apontam que o grupo se organizava em aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, onde compartilhavam conteúdo golpista e planos de ação.