Cientistas de MS mostram que conhecimento acessível e inclusão fazem parte da ciência do presente
Com apoio da Fundect e do Governo do Estado, pesquisadores transformam realidades ao aproximar ciência da vida das pessoas
CIÊNCIATornar a ciência mais próxima, compreensível e ligada à realidade cotidiana tem sido o objetivo de uma nova geração de cientistas em Mato Grosso do Sul. Com trajetórias diversas, Silvia Cristina Heredia, Marinete Rodrigues e André Mazini mostram que a produção de conhecimento não precisa estar restrita a laboratórios ou publicações acadêmicas. Eles apostam na ciência como instrumento de transformação social, comunicação e inclusão.
Silvia, farmacêutica, professora e pesquisadora, viveu na pele os desafios da carreira acadêmica. “A sobrecarga é o maior obstáculo. Entre aulas, projetos, orientações e reuniões, acabei enfrentando um burnout”, relata. A dedicação intensa à pesquisa também implicou escolhas pessoais difíceis. “Abri mão de construir uma família. Foi uma decisão dolorosa, mas que me levou a conquistas profissionais importantes”, completa.
Marinete Rodrigues, pós-doutora em História e pesquisadora da UEMS, coordena um projeto sobre a presença feminina na ciência no estado. Para ela, o cenário tem evoluído. “Hoje, mulheres ocupam espaços de destaque, e temos também homens reconhecendo nosso protagonismo. Isso é fundamental”, afirma.
A pesquisadora destaca que o olhar das mulheres contribui significativamente para o avanço científico. “Temos um jeito próprio de enxergar os problemas e buscar soluções. A ciência feita por nós tem método, rigor e excelência, como qualquer outra”, pontua.
André Mazini, jornalista e pesquisador da UEMS, é um dos que vêm apostando na divulgação científica como ferramenta de democratização do conhecimento. Ele coordena o projeto e dirige o documentário Mulheres na Ciência, que retrata trajetórias como as de Silvia e Marinete.
Para André, não basta produzir conhecimento. “É preciso torná-lo acessível, útil e compreensível. Quando a ciência se comunica com a sociedade, ela ganha poder de transformação”, afirma.
Esse novo perfil de cientista tem deixado de lado a imagem distante e técnica, ocupando espaços como redes sociais, podcasts e vídeos curtos. A proposta é clara: falar de ciência em linguagem simples, sem abrir mão da qualidade.
Por meio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia) e da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), o Governo de Mato Grosso do Sul tem ampliado o fomento à ciência de forma estruturada e estratégica.
Segundo Ricardo Senna, secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc, a aposta é na ciência como motor do desenvolvimento. “Experiências internacionais mostram que investir em ciência acelera a economia, cria empregos e promove soluções para desafios sociais. Aprovamos a Lei Estadual nº 6.380, que fortalece o ambiente de inovação em MS e já é referência nacional”, destaca.
A nova legislação prevê incentivos à pesquisa aplicada, à inovação e à capacitação de pesquisadores. Também prioriza áreas estratégicas como bioeconomia, energias renováveis, economia carbono neutro e agronegócio sustentável.
Fundect atinge marca histórica de investimentos em 2024
Com 27 anos de atuação, a Fundect consolida sua posição como principal agente de fomento à ciência no estado. Em 2024, foram mais de R$ 66 milhões investidos, alcançando mais de 400 projetos científicos e garantindo cerca de 1.650 bolsas mensais em todos os níveis da formação acadêmica.
A fundação também compensou a ausência de apoio federal a 70 pesquisadores do estado não contemplados pelo CNPq, com aporte próprio de R$ 5,4 milhões. Além disso, destinou R$ 14 milhões a programas de pós-graduação (stricto sensu), apoiando 92 cursos com bolsas e recursos de custeio.
Iniciativas de destaque incluem:
- Rede Centro-Oeste de Pesquisa (com a Capes): R$ 16,8 milhões em projetos de bioeconomia e biodiversidade.
- PICTEC: 2.300 bolsas para professores e estudantes da rede pública do Ensino Médio.
- PIBIC-Fundect: apoio à formação científica no ensino superior.
- Programas como Mais Mulheres na Ciência, MS Carbono Neutro, ODS Humanidades, Centelha MS e Desafio Pantanal Tech, que incentivam projetos inclusivos, sustentáveis e com impacto real.
- A Fundect também financia missões técnicas, ambientes de inovação, coworkings, incubadoras e parques tecnológicos, fortalecendo o ecossistema científico regional.
Para o Governo de MS, apoiar a ciência é mais do que estimular pesquisa — é promover bem-estar e transformação social. “Esse investimento torna empresas mais competitivas, abre novos mercados e qualifica as políticas públicas. A ciência está no centro das soluções para os problemas do dia a dia”, ressalta Ricardo Senna.
Essa visão é reforçada por Marinete Rodrigues: “Quanto mais cientistas bem formados tivermos, mais capacidade teremos de propor soluções reais para os desafios da população.”
O caminho percorrido por Silvia, Marinete e André reflete um novo modo de pensar e fazer ciência — mais aberto, participativo e voltado ao bem comum.