Trump confirma tarifaço para 1º de agosto e Brasil pagará alíquota máxima de 50%
Secretário de Comércio dos EUA descarta prorrogação e afirma que tarifas entrarão em vigor; medida gera críticas dentro e fora dos Estados Unidos
COMÉRCIO EXTERIORO tarifaço comercial dos Estados Unidos entrará em vigor no dia 1º de agosto, sem qualquer prorrogação, segundo confirmou neste domingo (27) o secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump ainda em abril, atinge diversos países — incluindo o Brasil, que foi enquadrado na alíquota máxima de 50% sobre produtos exportados aos EUA.
“Sem mais períodos de carência: em 1º de agosto, as tarifas serão definidas. Elas entrarão em vigor. A Alfândega começará a arrecadar o dinheiro”, disse Lutnick à Fox News. O anúncio foi reforçado pelo perfil oficial da Casa Branca nas redes sociais.
A justificativa oficial da administração Trump para as tarifas é a de “corrigir o déficit comercial” dos EUA com seus parceiros. No entanto, até países que mantêm superávit com os americanos, como o Brasil, foram incluídos. O Canadá, por exemplo, foi atingido com tarifa de 35%, enquanto a União Europeia será taxada em 30%.
Lutnick indicou que, mesmo após o início da cobrança, Trump estaria aberto a negociações com líderes internacionais. “O presidente está sempre disposto a ouvir. Se vai mudar de ideia, é outra história”, afirmou.
Críticas à Justiça brasileira motivaram sanção ao Brasil
No início de julho, Trump enviou uma carta oficial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificando a taxação de 50% como resposta ao que classificou como “violações à liberdade de expressão” no Brasil e críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente está inelegível por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também responde a ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na carta, Trump disse que o Brasil “ataca eleições livres” e criticou o que chamou de “regime de censura”, em referência a investigações contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe e organização criminosa.
A resposta do governo Lula foi direta: “A defesa da democracia no Brasil compete exclusivamente aos brasileiros”, afirmou o presidente, que também reforçou que "ninguém está acima da lei".
Investigação contra o Brasil e tensão diplomática
Pouco depois da carta, Trump determinou a abertura de uma investigação comercial com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, que permite sanções contra práticas consideradas injustas. O inquérito vai avaliar se o Brasil estaria prejudicando empresas americanas com políticas discriminatórias.
Senadores dos EUA reagem com preocupação
A escalada nas tensões levou 11 senadores democratas a enviarem uma carta ao governo Trump condenando a medida. No documento, eles acusam o presidente de utilizar o peso da economia americana para interferir no sistema jurídico de outro país em defesa de um aliado político.
“O uso da tarifa de 50% e da investigação comercial contra o Brasil parece ter como objetivo forçar o fim dos processos contra Bolsonaro”, alertaram. “É um abuso de poder que ameaça os interesses estratégicos dos Estados Unidos na América Latina.”
Entre os signatários estão nomes como Tim Kaine, Richard Durbin e Adam Schiff, que destacaram o superávit comercial de US$ 7,4 bilhões dos EUA com o Brasil em 2024. A carta alerta ainda para riscos de retaliação brasileira contra produtos e empresas americanas.