Senadores iniciam articulação nos EUA para tentar barrar taxação de 50% sobre produtos nacionais
Missão oficial busca diálogo com setor produtivo dos EUA enquanto cresce a tensão em torno de sanções previstas para agosto
CRISE COMERCIALEm meio ao agravamento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, senadores brasileiros iniciaram neste sábado (26), em Washington, uma série de articulações para tentar impedir a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, que pode entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto, tem sido tratada com preocupação pelo governo brasileiro e pelo Congresso Nacional.
Participaram da primeira reunião preparatória da missão oficial os senadores Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL). O encontro teve como foco atualizar os parlamentares sobre os principais pontos da pauta e alinhar estratégias para os próximos compromissos com representantes do setor produtivo e parlamentares norte-americanos.
Segundo o senador Nelsinho Trad, que preside a Comissão de Relações Exteriores e coordena a missão, o objetivo é garantir uma atuação coordenada e estratégica. “O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil”, afirmou em nota.
Outros senadores que também integram a missão – Carlos Viana (Podemos-MG), Jacques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE) – têm chegada prevista para este domingo (27) na capital norte-americana.
Foco nos setores produtivos diante do recesso parlamentar nos EUA
A missão brasileira ocorre em um momento delicado. Enquanto o Senado americano segue em atividade até o fim do mês, a Câmara dos Deputados dos EUA já entrou em recesso, o que reduz as possibilidades de articulação direta com o Legislativo do país. Por isso, os parlamentares brasileiros devem concentrar esforços no diálogo com o setor produtivo, que também será impactado pelas novas tarifas.
As conversas com empresários e representantes da indústria norte-americana serão essenciais para tentar construir uma base de apoio contra as sanções comerciais. A intenção é apresentar os riscos econômicos e diplomáticos que podem surgir com a imposição das tarifas, além de reforçar os laços comerciais entre os dois países.
Trump pode formalizar taxação por ordem executiva
As preocupações brasileiras aumentaram após a divulgação de informações que indicam a possibilidade de o presidente dos EUA, Donald Trump, editar uma ordem executiva nos próximos dias. O documento poderia autorizar, de forma imediata, a aplicação da tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, sem a necessidade de aguardar a conclusão da investigação aberta pelo Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR).
Essa investigação, que apura supostas práticas comerciais desleais do Brasil, pode levar semanas ou até meses para ser concluída. Por isso, uma ação direta da Casa Branca é vista como um atalho legal, ainda que polêmico, para aplicar as sanções.
Senadores dos EUA criticam a medida e cobram recuo
O endurecimento do discurso de Trump gerou reação dentro dos próprios Estados Unidos. Na semana passada, um grupo de senadores norte-americanos enviou uma carta ao presidente, pedindo a suspensão da proposta. No texto, os parlamentares acusam Trump de cometer um “claro abuso de poder” e alertam para os efeitos negativos de interferir no sistema jurídico de uma nação soberana.
“Criar esse precedente é perigoso e pode provocar uma guerra comercial desnecessária”, diz o documento, que também expressa preocupação com o impacto econômico e diplomático da medida, tanto para os EUA quanto para o Brasil.
Repercussão no Brasil e busca por diálogo institucional
No Brasil, a expectativa é de que a missão parlamentar consiga abrir espaço para o diálogo institucional e evitar que a crise comercial evolua para um conflito mais grave. As sanções propostas pelos EUA afetam diretamente setores como o agronegócio, a siderurgia e a indústria de base brasileira.
Além das reuniões com o setor privado, os senadores esperam marcar encontros com membros do Departamento de Estado e da representação comercial americana, com o objetivo de apresentar a posição oficial do Senado brasileiro e buscar uma solução diplomática antes do prazo limite.
Apesar do cenário adverso, os parlamentares demonstram otimismo moderado e apostam na força do diálogo como ferramenta para evitar prejuízos maiores.