Corinthians e Palmeiras adotam estratégias opostas antes do dérbi pela Copa do Brasil
Times entram em campo pelo Brasileirão com foco no clássico de quarta-feira; Dorival poupa, Abel cobra postura
FUTEBOL BRASILEIROO clássico entre Corinthians e Palmeiras pelas oitavas de final da Copa do Brasil, marcado para quarta-feira (31), às 21h30, na Neo Química Arena, já começou nos bastidores e refletiu diretamente nas estratégias adotadas pelas duas equipes no fim de semana, em compromissos válidos pelo Campeonato Brasileiro.
No caso do Corinthians, a escolha do técnico Dorival Júnior foi clara: preservação total dos titulares. Já o Palmeiras, comandado por Abel Ferreira, foi a campo com força máxima, mas em ritmo controlado. Cada equipe demonstrou, à sua maneira, que o foco já está no dérbi decisivo que pode abrir caminho para o título nacional.
Corinthians segura titulares e vê risco calculado - O técnico Dorival Júnior mandou a campo uma formação alternativa para enfrentar o Botafogo, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, no sábado (27). Com a maioria dos titulares poupados, o Corinthians sofreu no primeiro tempo e saiu para o intervalo com derrota parcial de 1 a 0. O placar, no entanto, poderia ter sido mais elástico, não fosse a falta de pontaria do time carioca.
No retorno para a segunda etapa, Dorival decidiu agir. Fez quatro alterações logo no intervalo, lançando Matheuzinho, Breno Bidon, Memphis Depay e Yuri Alberto. A movimentação foi uma tentativa de reação, mas também trouxe preocupações com o desgaste físico às vésperas do confronto com o Palmeiras.
Yuri Alberto, que ficou dois meses afastado após uma fratura na coluna, voltou a campo. O treinador, no entanto, sinalizou que o atacante dificilmente começará o jogo decisivo como titular. “A previsão era não iniciar com o Yuri, dando-lhe a possibilidade de meio tempo. Talvez, esse esgotamento que ele alcançasse se jogasse 60 ou 70 minutos, faria falta no jogo de quarta-feira”, explicou Dorival.
O treinador também justificou outras escolhas com base na maratona de jogos. Na quarta-feira passada, o Corinthians enfrentou o Ceará, em duelo pela Copa Sul-Americana. O calendário apertado fez o técnico optar por uma rotação que, embora arriscada, busca evitar lesões e garantir fôlego diante do rival alviverde.
Palmeiras vence com time titular e Abel critica queda de intensidade - Do outro lado, o Palmeiras teve uma estratégia diferente. Abel Ferreira escalou força máxima contra o Grêmio, no Allianz Parque, também no sábado, e logo aos dois minutos viu Facundo Torres abrir o placar. Depois disso, o time passou a administrar o resultado, sem o mesmo ímpeto ofensivo inicial.
Ainda que a vitória por 1 a 0 tenha vindo sem sobressaltos, o técnico português não escondeu a insatisfação com a postura da equipe no segundo tempo. Para ele, faltou agressividade. “Gosto da posse com intencionalidade. A partir dos 25 minutos da segunda parte fomos passivos. Não é esse meu estilo de jogo”, declarou.
Abel também reclamou da condição do gramado e demonstrou irritação ao fim da partida, chegando a chutar um microfone que captava som para a transmissão televisiva. "Difícil dominar a bola, parece que está sempre a quicar no chão", afirmou.
Apesar das críticas, a administração do ritmo foi visível. Após abrir o placar cedo, o Palmeiras recuou e controlou a posse, permitindo ao Grêmio pouca efetividade no ataque. A estratégia de segurar o jogo pode ter sido, ainda que implicitamente, uma forma de reduzir o desgaste físico antes do dérbi.
Rivalidade renovada em mais dois confrontos - A partida da próxima quarta-feira será o quinto encontro entre Corinthians e Palmeiras na temporada. Até o momento, o equilíbrio marca o clássico em 2025: uma vitória para cada lado e dois empates. Os confrontos anteriores ocorreram no Campeonato Paulista — incluindo as finais — e no Brasileirão.
O duelo pela Copa do Brasil, no entanto, carrega peso extra. Além da rivalidade histórica, está em jogo uma vaga nas quartas de final do torneio mais democrático do país — e que rende premiações milionárias a cada fase.
Se o Corinthians aposta na preservação para tentar surpreender em casa, o Palmeiras chega mais desgastado fisicamente, mas com entrosamento e sequência. A aposta de Abel Ferreira parece ser manter o ritmo competitivo alto, mesmo sob risco de desgaste.
Dorival e Abel: leitura de jogo e gestão de elenco - Dorival Júnior, com passagens por grandes clubes e conhecido por sua capacidade de reconstrução de times, tenta administrar um elenco que passou por mudanças recentes e ainda busca estabilidade. O Corinthians tem oscilado, mas tenta recuperar a identidade sob seu comando.
Abel Ferreira, por sua vez, é conhecido por exigir intensidade máxima de seus atletas, mesmo em partidas menos decisivas. A gestão emocional do elenco e o controle de desgaste físico têm sido desafios constantes na temporada recheada de competições.
A forma como cada time chegará ao dérbi dependerá da resposta do elenco aos esforços do fim de semana. O que é certo é que Corinthians e Palmeiras voltarão a escrever mais um capítulo dessa rivalidade centenária, com promessa de casa cheia e muita tensão em campo.