Documentos somem após confusão no Corinthians e Conselho apura gastos com cartão corporativo
Boletim de ocorrência foi registrado após o desaparecimento de papéis ligados a despesas do clube; caso envolve faturas atribuídas a Andrés Sanchez
CORINTHIANSO Corinthians registrou um boletim de ocorrência no último sábado (20), após constatar o desaparecimento de documentos internos relacionados ao controle de despesas do clube. A suspeita é de que os papéis tenham sido levados durante a confusão ocorrida em 31 de maio, quando o presidente afastado Augusto Melo invadiu o Parque São Jorge, sede social do clube. A informação foi divulgada inicialmente pela Gazeta Esportiva.
A ausência dos documentos veio à tona durante uma investigação do Conselho Deliberativo (CD), que apura o uso do cartão corporativo por ex-dirigentes do clube, em especial o ex-presidente Andrés Sanchez. Segundo nota divulgada pelo CD, o presidente do órgão, Romeu Tuma Jr., havia solicitado à diretoria a preservação de documentos dos últimos sete anos, mas foi informado sobre a subtração de parte dos arquivos.
Conselho investiga faturas atribuídas a Andrés Sanchez
A investigação começou após o recebimento de ofícios que tratam de gastos pessoais realizados com o cartão corporativo durante a gestão de Andrés Sanchez. Uma das faturas sob análise indica despesas no valor de R$ 9.416,00 durante o réveillon de 2020 para 2021, em Tibau do Sul (RN), período final do mandato de Andrés como presidente do clube.
Ele admitiu que os valores foram pagos com o cartão do Corinthians, mas alegou ter confundido o cartão institucional com o seu pessoal, uma vez que ambos são do banco Santander. O ex-presidente declarou ainda que ressarciu o clube, com correção, transferindo R$ 15 mil no último dia 12 de julho.
Além disso, Andrés afirmou que só teve a confirmação da veracidade da fatura, que havia sido divulgada na rede social X (antigo Twitter), no dia 10. O vazamento foi feito pelo perfil @Prmalaoficial, que também publicou outros documentos cuja autenticidade ainda será apurada.
Mais faturas serão verificadas
Outros gastos feitos com o cartão corporativo também estão sendo analisados. Um deles aponta R$ 6,9 mil em despesas no arquipélago de Fernando de Noronha, em janeiro de 2020. Até o momento, Andrés Sanchez não reconheceu essas faturas como legítimas. O Conselho Deliberativo afirma que todas as informações serão examinadas com rigor e transparência.
No comunicado oficial, o CD destacou que está considerando unificar os pedidos relacionados ao uso do cartão para agilizar a apuração e evitar decisões contraditórias. A intenção é ampliar a investigação e avaliar também se houve falhas na fiscalização interna durante o período em análise.
Procedimentos internos e possíveis sanções
Como Andrés é conselheiro vitalício do Corinthians, o processo segue um rito previsto no estatuto do clube. Cabe ao presidente do Conselho Deliberativo analisar os requerimentos antes de encaminhá-los à Comissão de Ética. Após essa etapa, as evidências são avaliadas, as partes envolvidas são ouvidas e um parecer final é emitido.
Romeu Tuma Jr. reiterou que nada será deixado de lado. "Todos os procedimentos necessários estão sendo adotados para garantir segurança jurídica, ordem e celeridade. A apuração será ampla, incluindo também eventual imperícia na fiscalização."
Desaparecimento de documentos em meio a crise interna
O sumiço de documentos ocorre em meio a uma das fases mais turbulentas da política interna do clube. A confusão em 31 de maio, envolvendo a invasão do presidente afastado Augusto Melo, gerou instabilidade e expôs fragilidades nos sistemas de segurança e de governança do Corinthians.
A atual diretoria, ao notar o desaparecimento dos papéis, acionou a Polícia Civil e lavrou um boletim de ocorrência. O Conselho Deliberativo permanece em contato com a presidência do clube para acompanhar o andamento das investigações e esclarecer a extensão do possível furto de documentos.
A situação agrava ainda mais o cenário institucional do Corinthians, que vive um momento delicado em sua administração. A apuração interna e externa deverá esclarecer não só o uso indevido de recursos, mas também a integridade dos processos de controle financeiro e documental dentro do clube.