O aeroporto de Campo Grande encerrou o primeiro semestre de 2025 com o maior volume de passageiros desde o início da série histórica da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), iniciada no ano 2000. Foram registrados 784.799 embarques e desembarques nos seis primeiros meses do ano — alta de 13,3% em relação ao mesmo período de 2024.

O número supera inclusive os resultados do primeiro semestre de 2013, até então o melhor desempenho do terminal, quando 778.046 passageiros passaram por lá. Em junho deste ano, o crescimento foi de 12,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Campo Grande também ficou acima da média nacional, que apresentou avanço de 11,2% nos embarques domésticos no mês.

O resultado é considerado um sinal claro de retomada econômica em setores ligados direta ou indiretamente ao fluxo de turistas e viajantes corporativos, como hotelaria, gastronomia e eventos. A movimentação mais intensa de passageiros contribui para o aumento na ocupação de hotéis, crescimento na demanda por restaurantes e maior circulação de pessoas em eventos empresariais e feiras de negócios.

Obras de ampliação devem aumentar ainda mais capacidade - O aumento da movimentação coincide com a realização de obras de ampliação do terminal, iniciadas em maio de 2025. A previsão é que os trabalhos, que incluem a instalação de três pontes de embarque, sejam concluídos até junho de 2026. A capacidade do aeroporto passará dos atuais 1,5 milhão para 2,6 milhões de passageiros por ano — um crescimento de 85%.

A intervenção faz parte de um pacote de melhorias que também abrange os terminais de Corumbá e Ponta Porã, todos sob administração da empresa espanhola Aena desde setembro de 2023. O investimento total nos três aeroportos deve girar em torno de R$ 600 milhões.

Em Corumbá, está prevista a duplicação da área pública do terminal. Já em Ponta Porã, a ampliação triplicará o tamanho atual do espaço para passageiros. As obras em Campo Grande estão sendo executadas pelo consórcio formado pelas construtoras Construcap e Copasa. A maior parte dos trabalhadores foi trazida de fora do estado.

Crescimento sustentável após anos de queda - Os dados mais recentes consolidam uma tendência de recuperação gradual após a crise econômica que se seguiu ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, e os impactos severos da pandemia de covid-19 a partir de 2020. Em junho daquele ano, apenas 15.578 passageiros circularam pelo terminal da capital sul-mato-grossense. Em 2021, o número subiu para 63.650.

O movimento atual é comparável ao registrado em 2012 e 2013, período de maior popularização do transporte aéreo no Brasil. À época, o crescimento da classe média e o barateamento das passagens levaram a um aumento significativo no número de passageiros em aeroportos de todo o país.

O ritmo atual, no entanto, é atribuído não apenas à recuperação econômica, mas também ao fortalecimento do turismo corporativo e de eventos. A facilidade de acesso tem levado empresas a promoverem encontros, convenções e lançamentos de produtos na capital de Mato Grosso do Sul, o que impulsiona os setores ligados à economia criativa.

Expectativa é de manutenção do ritmo - Apesar de os dados da ANAC não detalharem os impactos diretos nos setores de hospedagem e alimentação, empresários do setor confirmam o aquecimento. O aumento do fluxo de passageiros gera efeito positivo na ocupação hoteleira, na demanda por serviços de alimentação, locação de veículos e no setor de transportes por aplicativo.

Com a continuidade das obras e a expectativa de maior capacidade de atendimento no terminal a partir de 2026, a previsão é que o movimento continue crescendo nos próximos anos. A aposta de gestores públicos e operadores privados é consolidar Campo Grande como hub regional de negócios e eventos, atraindo visitantes de diferentes partes do país.