Adriana Victorino | 21 de julho de 2025 - 17h05

Tarcísio critica tarifas de Trump e defende moderação nas relações com os EUA

Governador de SP afirma que medidas protecionistas "viciam" o mercado e cobra pragmatismo nas relações exteriores

POLÍTICA INTERNACIONAL
A fala acontece no momento em que os atritos entre Brasil e EUA se intensificam por causa das investigações contra Bolsonaro - (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)

Em meio ao aumento das tensões entre Brasil e Estados Unidos, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez críticas às tarifas impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros. Durante evento da Coopercitrus Expo, em Bebedouro (SP), nesta segunda-feira (21), ele alertou que o protecionismo pode gerar dependência econômica e frear a inovação.

"Tarifas podem parecer patrióticas, mas só até certo ponto. No médio e longo prazo, elas criam um mercado viciado e travam o avanço tecnológico", afirmou.

A declaração ocorre após Trump anunciar uma taxa de 50% sobre importações brasileiras, decisão motivada, segundo ele, pelos processos judiciais contra Jair Bolsonaro (PL). A medida reacendeu disputas dentro da própria direita: o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou a decisão para pressionar o Congresso por uma anistia ao pai e chegou a confrontar Tarcísio sobre a postura diante das sanções americanas.

Na última sexta-feira (18), Bolsonaro foi alvo de nova operação da Polícia Federal e teve restringido o uso das redes sociais, além de passar a usar tornozeleira eletrônica, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Como reação, o ex-secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou o cancelamento imediato dos vistos dos ministros da Suprema Corte brasileira e de seus familiares.

Apesar do clima de conflito, Tarcísio reforçou um tom conciliador, pedindo pragmatismo na política externa brasileira:

"As duas maiores economias das Américas não podem viver em conflito. O discurso eleitoral não pode se sobrepor ao interesse nacional."

Apontado como principal nome da direita para enfrentar Lula nas eleições de 2026, o governador paulista defendeu diálogo e equilíbrio:

"Quem fala pelo Brasil precisa entender o jogo geopolítico. Não ganhamos nada ao escolher blocos e rejeitar outros. O caminho é pacificar e buscar soluções."