Alckmin reúne líderes da Visa, Meta, Google e Apple em meio à crise com os EUA
Vice-presidente discutiu com empresas de tecnologia impactos das tarifas de Trump e investigações comerciais contra o Brasil
CRISE COMERCIALO presidente em exercício, Geraldo Alckmin, atualizou sua agenda oficial nesta segunda-feira (21) para incluir uma reunião com executivos de grandes empresas de tecnologia, como Visa, Apple, Meta e Google. O encontro ocorreu às 12h, em Brasília, e ganhou peso simbólico em meio ao agravamento da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos, após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente norte-americano Donald Trump.
A reunião, inicialmente descrita apenas como um encontro com representantes do "setor de tecnologia", acabou sendo detalhada com a presença de nomes estratégicos do setor privado e autoridades diplomáticas envolvidas nas negociações com os EUA.
Executivos presentes na reunião
Entre os participantes do encontro com Alckmin estavam:
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Igor Luna, consultor jurídico da Câmara Brasileira da Economia Digital
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Nuno Lopes Alves, diretor-geral da Visa
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Gustavo Lage Noman, vice-presidente de Assuntos Governamentais da Visa
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Márcia Miya, gerente de relações governamentais da Apple
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Gustavo Dias, chefe jurídico e de relações institucionais da Apple na América Latina
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Yana Dumaresq, diretora de políticas públicas da Meta
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Daniel Arbix, diretor jurídico do Google
Também participaram assessores da Vice-Presidência, secretários do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e o embaixador Maurício Lyrio, importante articulador das relações comerciais com os Estados Unidos.
Contexto: tensões com Washington
O encontro ocorre poucos dias após o anúncio de tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros feito por Donald Trump. O líder americano justificou a medida com base em duas alegações principais: a suposta perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra plataformas digitais americanas.
Além disso, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) abriu uma investigação formal contra o Brasil. Entre os pontos levantados estão:
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A presença de comércio informal na região da Rua 25 de Março, em São Paulo
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O uso disseminado do Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, visto como uma ameaça competitiva às operadoras de cartão de crédito, como a Visa
Reação brasileira e articulação diplomática
A reunião coordenada por Geraldo Alckmin sinaliza um esforço do governo brasileiro para amenizar tensões e construir uma resposta estratégica frente à escalada tarifária dos EUA. A presença de gigantes do setor digital pode ajudar a reequilibrar o discurso em torno de inovação, regulação e competitividade.
A movimentação também busca mostrar que o Brasil tem abertura para o diálogo com as big techs, ao mesmo tempo em que reforça o apoio à regulação nacional das plataformas digitais, como já defendido pelo presidente Lula em fóruns multilaterais.
Ainda não foram divulgadas as deliberações finais da reunião, mas a expectativa é que o governo siga reforçando o argumento de que as tarifas americanas têm motivação política, além de estarem em desacordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).