Último dia da Fenearte 2024 reúne diversidade cultural e artesanato indígena em Olinda
Feira termina neste domingo com mais de 700 estandes, oficinas, moda e atrações culturais; etnias indígenas ganham destaque no evento
CULTURAA 25ª edição da Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte) chega ao fim neste domingo (20) no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. É a última oportunidade para o público visitar os mais de 700 estandes espalhados pelo pavilhão, aproveitar oficinas criativas, desfiles de moda autoral e apresentações musicais.
Com o tema “A Feira das Feiras”, a edição deste ano teve início no dia 9 de julho e homenageia as tradicionais feiras livres do Norte e Nordeste do país, destacando a pluralidade da produção artesanal brasileira e internacional.
Em 2023, o evento registrou R$ 108 milhões em negócios, atraiu cerca de 320 mil visitantes e teve aprovação de 98,6% do público, segundo dados da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe). Os números atualizados de 2024 serão divulgados no encerramento.
Além de reunir artesãos de todos os estados do Brasil, a Fenearte também conta com expositores de países como Turquia, Japão, África do Sul e Rússia. Mas um dos destaques desta edição está na presença marcante de etnias indígenas brasileiras, que ocupam espaços estratégicos no evento para apresentar suas culturas e vender produtos feitos à mão.
As etnias de Pernambuco estão concentradas na Rua 18 da feira, incluindo os povos Funil-ô, Atikum, Xukuru, Pankará, Kapinawá, Kambiwá, Truká e Pankararu. Outras etnias de diferentes regiões do país também estão presentes com peças autorais.
Um dos itens mais procurados é o fineho, um apito artesanal que reproduz o som de pássaros. A peça é feita pelo artesão Luiz Carlos Frederico, do povo Funil-ô, de Águas Belas (PE).
“Isso é muito simbólico para a gente, pois os pássaros sinalizam quais frutos podemos comer. E apitar durante a Fenearte é uma forma de nos comunicarmos com eles, pedindo paz e harmonia para o evento”, conta Luiz.
A indígena Maria da Saúde Batalha, da etnia Pankararu, de Petrolândia (PE), também participa da feira com peças em algodão cru, como redes e roupas de cama, além de bijuterias indígenas. Para ela, o mais importante não é apenas vender, mas levar a cultura do seu povo a outros públicos.
“Mais do que vender, o que mais me dá prazer é representar meu povo. Quando apareço na internet, minha família na aldeia me liga feliz. A minha maior felicidade é trazer o nome da minha comunidade para o Recife e outras regiões”, afirma Maria.
Vinda do Mato Grosso do Sul, Dilma Terena, do povo Terena, trouxe à Fenearte 50 peças feitas em argila e ficou surpresa com a recepção do público.
“Eu não achava que ia vender tudo tão rápido assim. É a primeira vez que saio do meu estado, que ando de avião e que participo de uma feira desse tamanho. Estou muito feliz e espero voltar no próximo ano”, conta emocionada.
A Fenearte segue como um dos maiores eventos de artesanato da América Latina, reunindo cultura, economia criativa e inclusão social em um mesmo espaço. A edição deste ano reforça a importância de valorizar o trabalho artesanal indígena e o intercâmbio entre culturas que fortalecem a identidade do Brasil.