21 de julho de 2025 - 15h45

Bolsonaro se afasta de tarifa de Trump e diz que não tem influência sobre medida

Ex-presidente nega envolvimento com sanções dos EUA ao Brasil e afirma que Eduardo Bolsonaro não pode negociar em nome do governo

CRISE DIPLOMATICA
Bolsonaro nega vínculo com tarifa de Trump e diz que Eduardo não representa o governo brasileiro. - (Foto: ROSINEI COUTINHO/STF)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira, 21, que não tem qualquer responsabilidade sobre a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a todos os produtos brasileiros. A medida foi anunciada há duas semanas pelo presidente norte-americano Donald Trump, mas Bolsonaro se distanciou da decisão e disse que não tem contato com autoridades americanas.

— Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira — disse Bolsonaro em entrevista à jornalista Andréia Sadi, do G1. — Eu não tenho contato com autoridades americanas — completou.

O ex-presidente também descartou que seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tenha qualquer legitimidade para discutir o tema com representantes dos Estados Unidos. Segundo ele, Eduardo “não pode falar em nome do governo brasileiro”.

As declarações desta segunda-feira contrastam com o discurso adotado pela família Bolsonaro após o anúncio da tarifa. Quando Trump comunicou a medida, no último dia 9, ele justificou as sanções alegando perseguição a Jair Bolsonaro no Brasil e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que afetariam empresas de tecnologia americanas.

Na mesma semana, Eduardo Bolsonaro se colocou publicamente à disposição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para intermediar propostas junto a autoridades dos EUA. O próprio Jair Bolsonaro, em visita ao Senado na quinta-feira, 17, disse que Eduardo era “mais útil nos Estados Unidos” e sugeriu que poderia ajudar a conter o tarifaço, caso tivesse oportunidade de negociar diretamente com Trump.

— Acho que teria sucesso uma audiência com o presidente Trump. Estou à disposição. Se me derem um passaporte, negocio — disse Bolsonaro.

A fala faz alusão ao momento judicial vivido pelo ex-presidente. Desde sexta-feira, 18, Bolsonaro usa tornozeleira eletrônica e cumpre outras medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A decisão ocorreu no âmbito do inquérito que apura tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Nesta segunda-feira, a Primeira Turma do Supremo referendou a decisão de Moraes em plenário virtual, destacando o risco de fuga e a necessidade de resguardar a soberania nacional.